30 de abril de 2008

Marta Hugon: Contadora de histórias


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Story Teller é o segundo disco da cantora Marta Hugon, trabalho que tem recebido elogios por parte da crítica musical e também de alguns dos mais conceituados músicos de jazz portugueses. Aqui moram belas canções, enquadradas pelos aclamados arranjos do pianista Filipe Melo. Mas que história contam, afinal, este Story Teller e a sua autora?

JNPDI! : Qual a história por detrás deste Story Teller, ou seja, como é que este projecto começou?

Marta Hugon: Este projecto e estas “histórias” surgem como consequência natural do percurso iniciado com o meu primeiro disco, Tender Trap, e do trabalho desenvolvido com os músicos com quem toco desde então. O Story Teller inclui temas que há muito me apetecia gravar e combina-os de forma a reflectir o meu gosto musical e a forma como sinto a música. O nome surgiu depois do disco estar gravado, de os temas estarem definitivamente alinhados. Este Story Teller resume o gozo que me dá agarrar e interpretar as canções naquilo que elas têm de simbiose entre letras e música. Se quiser, estas ainda não são as canções escritas por mim, mas são as canções que eu fiz minhas e que quis contar da forma mais pessoal e verdadeira de que fui capaz.

JNPDI!: Foi fácil passar do primeiro ao segundo disco?

MH: Depois de um disco estar pronto, é natural e instintivo começar a pensar no próximo. Para mim, o arranque é sempre doloroso. As ideias muitas vezes surgem enquanto se toca ao vivo e se vai enriquecendo o repertório do grupo, como foi o caso do “Still Crazy After All These Years”. A determinada altura tive de parar, escolher os temas e pensar neste segundo trabalho como um todo. Pedi ao Filipe para fazer os arranjos porque precisava que canções tão diversas tivessem uma coerência musical que traduzisse aquilo que eu tinha na cabeça e o som da própria banda. E ele fez isso muito bem.

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JNPDI!: Neste registo encontramos um variado leque de temas oriundos do universo do jazz, da pop e do cancioneiro brasileiro. Como selecciona o repertório para os seus discos?

MH: Geralmente existem um ou dois temas que servem de mote para começar a estruturar o alinhamento. Alguns, como o "River Man", do Nick Drake, ou o "Crash", do Dave Mathews, já faziam parte de um conjunto de canções que eu tinha a certeza de querer gravar um dia. Os outros foram escolhidos entre os meus standards preferidos e temas que convidavam a uma interpretação muito diferente do habitual, como por exemplo o "Good Morning Heartache". É sempre uma escolha que tem sobretudo a ver com um lado emocional e de gosto pessoal, mas que também passa pela dinâmica que as músicas devem criar entre si, para que o disco tenha princípio, meio e fim. Como numa história.

JNPDI!: A opção de cantar "Suburbano Coração", de Chico Buarque, em português do Brasil foi uma opção imediata ou ponderada?

MH: Curiosamente, quando comecei a pensar no repertório deste disco, não era esse o tema do Chico Buarque que eu ia gravar. Era uma canção muito bonita chamada “Trocando em miúdos”, mas depois descobri o "Suburbano Coração" que tem uma melodia incrível. Para além disso, tinha uma letra que de alguma forma fechava o “puzzle” do disco. Por isso, teve que ficar.

JNPDI!: Um dos pontos fortes do seu trabalho tem sido a parceria musical com Filipe Melo, Bernardo Moreira e André Sousa Machado. Esta já longa colaboração remonta a quando e em que circunstâncias se iniciou?

MH: Nós tocamos juntos desde 2004, ano em que foi gravado o Tender Trap. Poder continuar a trabalhar num contexto de banda é uma vantagem muito grande para uma cantora, pois permite que se desenvolva um trabalho musical sólido a que ajudam a cumplicidade musical e pessoal que se vai estabelecendo entre os músicos. O Filipe, o Bernardo e o André, para além da sua experiência e conhecimento do jazz, têm uma maneira de estar na música que é muito humilde e generosa, que é para mim uma referência.

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JNPDI!: Neste disco participam ainda André Fernandes e João Moreira. Como surgiu a ideia de os convidar para este projecto?

MH: O André Fernandes já tinha tocado no Tender Trap e feito inclusive a mistura da gravação. É um músico que admiro muito e com quem já cantei, nomedamente nos Spill. Foi a primeira pessoa em quem pensei para tocar o "Crash" e é uma presença imprescindível neste disco. O João Moreira já tinha sido uma hipótese pensada para o Tender Trap que só agora se concretizou. É um músico muito criativo, com muito bom gosto e sabia que ia ser uma mais-valia para este disco.

JNPDI!: Na sua opinião, por mais naturalmente subjectiva que ela possa naturalmente ser, quais são os pontos fortes deste disco ?

MH: A escolha das canções, os arranjos e a cumplicidade musical entre os músicos que fazem parte do projecto.

JNPDI!: Uma particularidade que salta à vista nos seus discos é a grande preocupação estética com a apresentação gráfica em geral, nomeadamente o pormenor do disco em si ser uma reprodução dos velhos discos de vynil. Até que ponto tal preocupação (que é pena outros músicos não terem ou não poderem ter) é fruto da sua actividade profissional na área da publicidade?

MH: Essa preocupação é natural da parte de quem sabe que uma boa embalagem ajuda sempre a tornar um disco mais atraente e, consequentemente, a vendê-lo. Para quem não conhece a música e os músicos, a capa do disco é sempre a primeira impressão. E é bom que esta seja positiva. É a última das preocupações no processo de fazer o disco, mas é óptimo poder tê-la.

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JNPDI!: Como se vê: a publicitária que canta jazz ou a cantora de jazz que faz publicidade?

MH: A cantora de jazz que faz publicidade.

JNPDI!: Estão previstos concertos a nível nacional para a apresentação de Story Teller?

MH:
Sim. Para já, dia 8 de Maio no Festival de Jazz de Portimão, dia 7 de Junho no Festival de Jazz de Torres Vedras e dia 9 de Julho no festival de Torres Novas.

JNPDI!: Que disco vocal, para além deste, aconselha a cantora Marta Hugon aos leitores de JNPDI?

MH: Eu tenho andado a ouvir este último disco do Herbie Hancock River – The Joni letters, que conta com a participação de cantoras de quem gosto muito, como é o caso da Luciana de Souza e da própria Joni Mitchell. Não é exclusivamente um disco vocal mas tem muito a ver comigo.

29 de abril de 2008

Copland e Moran em concerto hoje

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Marc Copland e Jason Moran protagonizam hoje dois concertos importantes, respectivamente em Lisboa e no Porto.

Copland apresenta-se com o seu quarteto na Culturgest, às 21h30, um grupo que , além do pianista, integra o saxofonista Greg Osby, o contrabaixista John Herbert e o baterista Bill Stewart.

Um dos aspectos mais curiosos e fascinantes desta noite será a circunstância de, em palco, se encontrarem quatro individualidades e quatro percursos musicais muito distintos entre si, mas que, dada a qualidade de cada um dos músicos, irão formar com certeza uma dinâmica coesa e interactiva.

O pianista Marc Copland, muitas vezes designado o “poeta do piano”, é talvez o principal expoente da escola do pianismo lírico do jazz actual. A forma única como entende a harmonia moderna, junta a um conhecimento profundo da cor e da textura, combinam-se numa experiência musical única.

Nascido a 1948, na Pensilvânia, começou a tocar saxofone que abandonou para se dedicar ao piano. Com uma vasta obra gravada, tocou com grandes nomes do jazz actual em diversas formações.

Greg Osby, nascido em St. Louis, iniciou a sua carreira de saxofonista, compositor, produtor e professor, em 1975. Marcou indelevelmente o jazz contemporâneo nos últimos vinte anos, quer como líder das suas bandas, quer como convidado em grupos famosos. Entre muitos outros, tocou com Herbie Hancock, Dizzy Gillespie, Andrew Hill, Muhal Richard Abrams, Jack DeJohnette. Colabora com Marc Copland há alguns anos, com quem gravou dois premiados CD’s em duo.

O contrabaixista John Herbert foi citado em 2006 e 2007 pelos críticos reunidos pela revista Downbeat como “Rising Star Acoustic Bassist”. Nascido em New Orleans, estudou na sua terra natal e em Nova Iorque, para onde se mudou, tornando-se rapidamente um dos contrabaixistas mais requisitados em Manhattan. Trabalhou, por exemplo, com John Abercrombie, Paul Bley, Marc Copland, Fred Hersh, Andrew Hill (com o qual gravou o magnífico Time Lines e se apresentou na Culturgest em 2006), Lee Konitz, Paul Motion, Greg Osby, Maria Schneider, Toots Thielemans, Kenny Wheeler.

Bill Stewart, baterista, nasceu em Des Moines, Iowa, em 1966. No início da sua carreira gravou com o saxofonista Scott Kreitzer, tendo nessa altura encontrado Marc Copland com quem tem trabalhado e gravado desde há anos. Ao longo da sua carreira tem tocado com Peter Bernstein, Bill Carrothers, Bill Charlap, Larry Goldings, Joe Lovano, Pat Metheny, John Scofield, Steve Swallow, Gary Peacock. Talentoso compositor, gravou vários CD’s como líder.Com músicos destes e que tão bem se conhecem, é legítimo esperar um grande concerto de jazz nesta noite.

Jason Moran na Casa da Música

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Jason Moran estará sensivelmente à mesma hora, às 22h00, na Casa da Música, onde estreia a nível europeu o concerto In My Mind. Este espectáculo da sua autoria homenageia Thelonious Monk (que completaria 90 anos se fosse vivo) e o universo temático da orquestra que este pianista e compositor histórico levou ao Town Hall, em 1959.

Concebido como um espectáculo multimedia, em In My Mind perpassam, por exemplo, excertos de diálogos havidos entre Monk e Hal Overton (que fez os arranjos originais para a orquestra de Monk) durante os ensaios para o concerto de Town Hall, tendo nós tido o prazer de nele colaborar a pedido de Moran, traduzindo para português estes e outros elementos.

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Jason Moran faz-se acompanhar de um octecto composto por Jason Yarde (saxofone alto), Byron Wallen (trompete), Andy Grappy (tuba), Fayez Virjii (trombone), Denys Baptiste (saxofone tenor), Tarus Mateen (contrabaixo) e Nasheet Waits (bateria). Entre o repertório a apresentar contam-se temas como "Little Rootie Tootie" e "Crepuscle with Nellie".

Inserido no programa do Festival Música e Revolução, o pianista e compositor Jason Moran apresenta na Casa da Música um concerto dedicado a Thelonious Sphere Monk, autor de obras que marcaram pontos de ruptura com as estéticas instituídas e apontaram novos caminhos às gerações futuras do mundo do jazz. A obra de Moran assinala os 90 anos do nascimento de Monk, recordando de forma original um dos momentos cruciais da sua carreira: o concerto no Town Hall de Nova Iorque realizado a 28 de Fevereiro de 1959.

A singularidade da obra de Monk continua a influenciar gerações de músicos. Foi um dos compositores e improvisadores mais originais da história do jazz, com uma linguagem revolucionária, inimitável mas enormemente inspiradora. A enorme originalidade da sua abordagem ao piano rendia-lhe admiração e respeito A influência das suas explorações harmónicas foi enorme entre todas as grandes figuras do bebop e os reflexos do seu piano ainda hoje se fazem ouvir em muitos instrumentistas.

Jason Moran é um pianista e compositor com uma reputação invejável e uma grande ligação ao mundo sonoro de Monk. Aos seis anos começou a estudar piano, mas foi a audição do lendário Thelonious Monk que lhe despertou o interesse pela música e lhe serviu de modelo. Desde então, a sua carreira assistiu a uma notável ascensão: em 1999, lançou o seu disco de estreia e, recentemente, editou o seu sétimo álbum, Artist In Residence, com a sua banda The Bandwagon.

Neste concerto, Jason Moran apresenta, em estreia europeia, In My Mind, uma obra multimédia baseada no célebre concerto no Town Hall que lança um olhar não só sobre a música e a imagem de Monk, mas também sobre o homem, a sua história e o seu processo criativo.

Nota: Os textos em itálico foram fornecidos pela produção dos espectáculos

28 de abril de 2008

John Coltrane dixit

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Charlie Haden: ainda o episódio do I Cascais Jazz

Há umas semanas atrás, JNPDI! publicou um artigo de fundo sobre o episódio Charlie Haden no Cascais Jazz de 1971 e a sua detenção pela PIDE/DGS.

Sobre este mesmo assunto, encontrámos recentemente uma entrevista de Haden ao programa de rádio norte-americano Democracy now, diálogo conduzido por Amy Goodman em 1 de Setembro de 2006. Ficámos a saber vários factos, nomeadamente que Haden não teve só problemas com a PIDE/DGS, mas também com o FBI, que o abordou quando do seu regresso aos EUA.

PS: o jornalista português de quem Haden fala nesta entrevista é o nosso José Duarte.


Jazz Legend Charlie Haden on His Life, His Music and His Politics

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AMY GOODMAN: Can you talk about playing in Portugal? When was that? ’71?

CHARLIE HADEN: It was 1971. I had just had triplet daughters. And—

[...]

AMY GOODMAN: Well, now I want to go back to you. 1971, had you had your kids yet?

CHARLIE HADEN: Yes. They were born October 11, and Ornette called and said we have a chance to go on this Newport Jazz Festival tour of Europe with Duke Ellington’s band; Miles Davis’s band; Dexter Gordon; the Giants of Jazz, which included Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Sonny Stitt, Al McKibben, Art Blakey. I mean, I can’t believe that we were all on tour together. And I was with Ornette’s quartet, which was Ornette, and Dewey Redman was playing tenor saxophone, and Ed Blackwell was playing drums. And I said, “Well, you know, we just had these girls, man. And I gotta stay here and help, you know.” And—

[...]

AMY GOODMAN: Eight months into the pregnancy, you learned you were having triplets?

CHARLIE HADEN: Yeah, yeah, yeah. And so, Ornette said, “Well, can her mother come out and help, because this tour is really important, you know?” And I said, “Okay.” So we got it all fixed up, and I went to Europe. But I saw on the itinerary before we left that we were playing in Portugal, and I didn’t agree with the government there. It was a kind of a fascist government. They had colonies in Guinea-Bissau, in Angola and Mozambique, and they were systematically wiping out the Black race, you know? And so I called Ornette, and I said, “You know, I don’t want to play in Portugal.” And he said, “Charlie, we’ve already signed the contract. We’ve gotta play. It’s the last country on the concert tour. Figure out—maybe you can do something to protest it, you know?”

AMY GOODMAN: The Caetano regime.

CHARLIE HADEN: Yeah. And so, during the tour we were playing one of my songs, “Song for Che,” and I decided that when we played my song, because it was connected to me, because I was the guy that was going to do it, you know, I would dedicate that song to the Black peoples’ liberation movements in Mozambique and Angola and Guinea-Bissau. And I asked—I think we were in Bulgaria, and we were doing a jazz festival there. Or Romania, we were in Bucharest, and I asked one of the journalists there, who was from Portugal, I said, “I’m planning on”—because he knew about the Liberation Music Orchestra. He says, “What are you going to do?” And I said, “I’m going to dedicate—what would happen if I did this?”

He said, “Well, three or four different things. You can either be shot on the spot, or they could pull you off the stage, or they could arrest you on the stage. They could arrest you in your dressing room. Or they can arrest you later. But you’re going to be arrested.” And I thought, you know, I don’t think they’ll arrest me, man. I’m an American jazz musician. This is a jazz festival. It has nothing to do with politics. I think I’m safe.

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Ornette e Haden no I Cascais Jazz. Foto de Augusto Mayer


So I made the dedication, and I wasn’t arrested immediately, but, you know, when I did the dedication there were young people there, students, that were in the cheaper seats in front, and they all started cheering so loud that you couldn’t hear the music. And a lot of police were running around with automatic weapons, and they, right after we finished our set, they stopped down the festival, and they closed down in Cascais this big stadium that we were playing in. And we went back to the hotel, and so I was starting to get concerned about what was going to happen.

The next day, we went to the airport, and at the airport, I was trying to get my bass on the plane to make sure I could get the bass on the plane. And there were hundreds and hundreds of people in front of the airlines’ counters. And finally, one of the people from TWA came around the counter and said, “There was a man over there who wanted to interview you, and you have to stay here.” And I said, “I don’t want to be interviewed.” And Ornette came over and said, “What’s going on?” And they say, “They want to interview Mr. Haden, and you guys are going to get on the plane. And he’s staying here.” And Ornette said, “No, we’re not going on the plane. We’re going to stay here with him.” And they said, “No, you’re not. You’re getting on the plane.” They took them by the arms, and they led them on the aircraft. And I stayed there, and they took me down a winding staircase to an interrogation room and started pumping me with questions. They said, “We’re going to transfer you over to the PIDE headquarters.”

AMY GOODMAN: The police?

CHARLIE HADEN: It was the political police of Portugal. And so I said, you know, “I’m a United States citizen with a United States passport. I demand to be able to call the embassy.” And the guy who worked for TWA looked at me and smiled and said, “It’s Sunday, Mr. Haden. You can’t call the embassy. You shouldn’t mix politics with music.”

[...]

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Foto de João Moreira dos Santos

AMY GOODMAN: “Song for Che” by Charlie Haden, the song he dedicated to the Black liberation movements of Mozambique and Angola that got him arrested in Portugal in 1971. Charlie Haden describes what happened once the Portuguese police got him.

CHARLIE HADEN: And the next thing I know, I’m in a car, and we’re traveling to a prison. And I’m thrown into a dark room with no lights, and I stay there for I don’t know how long. A long, long time. And finally—I mean, I was traumatized. You know, I thought I’d never get to see my kids. I thought it was over. I didn’t know what they were going to do.

And they finally came and got me from the room and took me up to an interrogation room with really, really bright lights. I couldn’t see anything. And there was one guy who spoke English that started pumping questions at me right and left, and one of the questions, which I was kind of prepared for, because I thought I would kind of try to fool them. He said, “Why did you make this dedication?” And I said, “Well, I’ve been making a dedication at every country we went to. I dedicated something in Germany to the German people. I dedicated something in France.” And he said, “Do you expect us to believe that?” You know, anyway, they brought a statement to me to sign. I refused to sign it, and they started to look—one guy had a trunch, and in his hand he was doing like this. And—

AMY GOODMAN: Hitting it against his other hand.

CHARLIE HADEN: Hitting it against his other hand. And as soon as I thought like everything is over with, there was a guy that came down and whispered something in the head policeman’s ear. And all of a sudden he completely changed. He says, “Mr. Haden, you’re going upstairs. Someone from the American embassy is here to retrieve you.”

And I went up to this real plush room, which was really different from where I had been, and the guy said, “Hey, Charlie, what’d you say the other night that caused all that commotion?” He says, “Wow!” He said, “Well, my name’s Bob Jones, and I’m from Chicago. I’m the cultural attaché here. Come along with me and, you know, we can get you out of this place.” You know, I said, “Oh, great!” Anyway, I went to his villa and went to the airport and got—

AMY GOODMAN: This was Nixon’s cultural attaché to Portugal.

CHARLIE HADEN: This was Nixon’s cultural attaché. I found out later from Ornette, too, and from other people that they weren’t going to do—the United States wasn’t going to do anything, because they were very embarrassed by what I did, because of NATO. And they didn’t want to have anything to do with it. And finally, I guess Ornette helped, too, and one of the promoters in Lisbon was kind enough to help, and they said, “You know, this guy’s a famous jazz musician, and you better let him go, you know, because it’s not going to look good for you.” And they let me go, and I was very happy.

AMY GOODMAN: We’re talking to the legendary musician, bassist and political activist, Charlie Haden. After this, did it change your thoughts about speaking out? Did it make you radioactive for other jazz musicians? Did musicians support you in what you had done?

CHARLIE HADEN: Most of the musicians that I performed and played and recorded with all supported me. You know, it’s such a struggle for jazz musicians in this country to get their music played and to the people. And in that struggle, they don’t really have time—or, you know, they’re struggling to play their music, and I think that that’s the reason that more musicians don’t speak out politically.

But I started getting worried when the FBI came to my apartment, and they had been watching the house. I saw cars out in front on 97th Street, where we lived, and I knew plain-clothes cars when I saw it, you know. And they finally came up to the door and rang the doorbell, and they said, “We’re FBI. We want to talk to you.” And I said, “Well, why should I let you in?” They said, “Well, we’re asking you if we can come in and talk to you.” So I said, “I don’t have anything to hide. Come in.” So, they asked me, you know, “Why did you do that?” And I told them. I said, “I don’t agree with the policies of the Portuguese government, and that’s why I did that.” And they had a whole dossier on me. I couldn’t believe it.

Anyway, but I thought about it afterwards, and if I had it to do again, I would do it again. And as a result, I think, of what I did, because nobody had ever done that in Portugal, my wife Ruth and I later learned that they put it into the school books of the schools in Portugal, what I did. And there was a revolution in 1974 of the young enlisted officers, and they overthrew Caetano. He fled the country. And I think it was a gentleman named Duarte [Soares] that took over, socialist government. They invited me to come back, and I came back and I played. And there were 40,000 people in this big meadow in Lisbon, and they were all chanting, “Charlie! Charlie! Charlie!” And I had goose bumps all over. It made me feel so good.

And then, my wife Ruth and I were invited back, because I met, while I was there, Carlos Paredes, who was this famous fado player, and I loved his playing, and so I said, “I want to play with you.” He had been arrested under Salazar. And we came back and did a film with him, and they took me back to the stadium where I was arrested in ’71. And they did a little documentary. It was all in Portuguese. And it was really nice to go back.

27 de abril de 2008

Benny Lackner: Encore!

Concluímos hoje, com mais um vídeo exclusivo, a série de notícias que publicámos ao longo da semana sobre os concertos que o trio de Benny Lackner realizou nos passados dias 24, 25 e 26 de Abril no Hot Clube de Portugal.

O vídeo em causa foi gravado por JNPDI! no concerto de ontem, aquele em que o trio se revelou na sua melhor forma, quem sabe motivado pelos ares da praia do Guincho e pelos travesseiros de Sintra que demos a provar ao pianista e baterista... músicos que não nos esconderam a sua tristeza por terem de deixar hoje Portugal.


Bobby McFerrin em Portugal em Maio

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Foto de João Moreira dos Santos/JNPDI

25 de abril de 2008

Jimmy Giuffre (1921-2008)

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Jimmy Giuffre, clarinetista, saxofonista e compositor histórico do jazz e co-autor do clássico tema "Four Brothers", morreu ontem aos 86 anos de idade, vítima de pneumonia.

Giuffre começou a sua carreira nos anos 40, em orquestras como as de Jimmy Dorsey, Buddy Rich e Woody Herman, vindo mais tarde a colaborar com Howard Rumsey e Shorty Rogers.

Em 1956, lançou-se a solo e formou o conjunto Jimmy Giuffre 3, com Jim Hall e Ralph Pena. Ainda nesta década, colaborou com Bob Brookmeyer e Jim Hall. Nos anos 60, surgiu com um novo Jimmy Giuffre 3, onde pontuavam Paul Bley e Steve Swallow, mas entrou numa relativa obscuridade, dedicando-se fundamentalmente ao ensino, sem porém nunca deixar de tocar e gravar.


Jimmy Guiffre Three - "Train & The River" (1958)

Benny Lackner Trio anima Hot Clube

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Foto de João Moreira dos Santos

O trio de Benny Lackner causou ontem sensação no Hot Clube, naquela que foi a primeira das três noites de concertos que aí dará até Sábado.

As interessantes e apelativas composições de Lackner e os seus inspirados solos, assim como o irrepreensível acompanhamento por Nelson Cascais (contrabixo) e pelo baterista francês Mathieu Chazarenc, não passaram despercebidos ao público que na véspera do 25 de Abril se deslocou ao sexagenário clube e muito menos o deixaram indiferente, arrancando-lhe mesmo várias palavras de incentivo e reconhecimento.

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

JNPDI! apresenta dois vídeos exclusivos com dois temas originais de Benny Lackner.




Ella Fitzgerald nasceu há 91 anos

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Se fosse viva, Ella Fitzgerald completaria hoje 91 anos.

Ella rima bem com Abril, especialmente o 25, ela que sempre foi uma voz livre e tomava muitas liberdades no seu inconfundível scat singing.

Seleccionámos para este dia alguns dos melhores vídeos d'Ella disponíveis no Youtube.

"'Round Midnight" (1961)



"Georgia on my mind" (1963)



"Summertime" (1968)



"One note Samba" (1969)



"Basella" (1979)




E, para finalizar, um medley de canções partilhadas entre Ella e Sinatra.



Especialmente para os que não conhecem esta grande voz do jazz, aqui fica um documentário da BBC em que, entre muitas outras coisas, se fala do padrasto (de origem portuguesa), ainda que não pelas melhores razões...

Ella Fitzgerald Legends 1



Ella Fitzgerald Legends 2



Ella Fitzgerald Legends 3



Ella Fitzgerald Legends 4



Ella Fitzgerald Legends 5



Ella Fitzgerald Legends 6

24 de abril de 2008

Benny Lackner no Hot até Sábado

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Foto de João Moreira dos Santos

O pianista norte-americano Benny Lackner inicia hoje uma série de três noites de concertos no Hot Clube de Portugal. A acompanhá-lo estão o contrabaixista Nelson Cascais e o baterista Mathieu Chazarenc.

Lackner é já um habitué do Hot Clube, casa que tem visitado por várias vezes ao longo dos dois últimos anos, a última das quais na passada semana, quando actuou com David Binney integrado no João Lencastre Group.

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Lackner e Paulo Gil no Hot Clube. Foto de João Moreira dos Santos



Os leitores interessados em saber mais sobre este músico podem ler, por exemplo, a entrevista que com ele realizámos para o site AllAboutJazz.

Ray Bryant num DVD de excepção

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Acaba de sair mais um volume da colecção Jazz em DVD, da Planeta DeAgostini, quanto a nós um dos melhores inseridos nesta série de 41 DVD's. Referimo-nos ao concerto a solo que o pianista Ray Bryant realizou em Montreux, no Verão de 1977.

De facto, a técnica irrepreensível de Bryant, por um lado, e a selecção de repertório, por outro, fazem deste volume uma proposta muito interessante a nível auditivo. Bryant apresenta aqui versões extraordinárias de dois temas de Duke Ellington - "Take the 'A' Train" (tocado em estilo Boogie Woogie) e "Satin Doll" -, uma bela interpretação de "Georgia on my mind" (que recebe toda a sensibilidade e gosto musical do pianista), e exibe um balanço e uma técnica impressionantes em "Django", interpretação que só por si já merecia o visionamento deste concerto.

O espectáculo de Montreux contemplou ainda dois temas do repertório do Gospel - "If I can just make it into Heaven" e "Sometimes I feel like a motherless child" - e alguns blues (com destaque para o incrível "Saint Louis Blues"), encerrando com uma versão bem conseguida de "Things ain't what they used to be".

Porque pianistas como Bryant há poucos ou quase nenhums na actualidade, este DVD encontra-se disponível por apenas € 9,99 (mais portes de envio) exclusivamente através do nº de telefone 219 265 510 ou, eventualmente, num quiosque perto de si.

E agora passamos a palavra a Nat Hentoff, que tão bem descreve Ray Bryant e este DVD nas respectivas liner notes.



Ray Bryant por Nat Hentoff

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Constituiu sempre, para mim, que escrevo sobre jazz há já muitos anos, um grande mistério o motivo pelo qual Ray Bryant - em quem, entre tantas outras particularidades, se destaca a forma como toca blues, com uma tão grande profundidade e renovação contínua - não recebeu todo o reconhecimento que merecia.

Poderá assistir e ouvi-lo, em toda a sua penetrante intensidade, nesta série de concertos de Norman Granz, da Pablo, no Montreux Jazz Festival, e que o deixará sentir o que tantos músicos dele sempre afirmaram, ao longo do tempo.

Para qualquer artista, é sempre difícil conseguir agarrar o público durante um concerto. Exige não só o domínio do instrumento, que vai para além da perícia técnica, mas também a capacidade para contar histórias através da música, que irão ao encontro às memórias e vivências dos espectadores. Tal como posso comprová-lo, aqui, ao ouvi-lo dar uma nova vida ao blues e a outros cânones do jazz, Ray Bryant possui o poder regenerador de abordar a linguagem comum do jazz de uma forma que muito poucos pianistas conseguiram igualar.

Um membro-chave do influente panorama jazzístico da Filadélfia dos Anos 40 e 50, Ray Bryant era um dos pianistas residentes do Blue Note, quando surgiu a possibilidade de tocar com Charlie Parker, Miles Davis e Sonny Stitt. Demonstrando uma extraordinariamente sensível capacidade como acompanhante, tocou com a exigente Carmen McRae, e a sua capacidade para absorver a linguagem do jazz evidencia-se no seu trabalho com Dizzy Gillespie e Sonny Rollins. O facto de ter sido escolhido pelo mestre do ritmo, Jo Jones, para integrar o seu terceto é mais um testemunho da sua mestria e, tal como diziam os músicos, das suas «big ears».

Ray Bryant brindou o jazz moderno não só com as profundas raízes do blues, mas também com os sons do gospel, com o impulso orquestral do piano stride, e sempre o contínuo e pleno pulsar swing, que é a força do jazz.

Talentoso compositor, foi o criador do sucesso "Little Susie", bem como do rodopiante "Cubano Chant", gravado por Art Blakey, com quem Ray Bryant também tocou. Durante muitos anos, Ray Bryant trabalhou com o seu terceto ou como solista, como neste caso.

É mais um tributo à determinação de Norman Granz, chamando a atenção para artistas que conheceram as suas exigências quanto à autenticidade do jazz, tendo gravado com Ray Bryant, na Pablo,e incluindoo artista nesta série de actuações em Montreux.

A tradição a solo do blues em piano remonta ao século XIX, numa altura em que, depois da Guerra Civil, os percursores do jazz se encontravam finalmente livres para poder viajar e contar, aos ainda segregados ouvintes de raça negra, histórias que tinham algo a ver com as suas vidas.

Otis Spann, o magnífico pianista de blues, referindo-se aos seus espectadores nos clubes de blues, em Chicago, onde tocava com Muddy Waters, disse-me: «o que pedem é que lhes contemos histórias. O blues, para eles, é como um livro; querem ouvir histórias sobre as suas próprias experiências, e é isso que Ihes contamos». E é isso que Ray Bryant faz, em "Sometimes I Feel Like A Motherless Child", "Blues No. 6," e "St. Louis Blues", como nunca antes se ouviu.

NAT HENTOFF - JUNHO 2004

23 de abril de 2008

JazzTimes Maio 2008

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Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

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Hoje é Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, um dia importante para todos os autores e criadores.

Para o assinalar, JNPDI! associou-se a um evento promovido hoje pela FNAC de Cascais, a Meia Maratona de Leitura Sem Parar, evento que reuniu 50 personalidades da cultura, cada uma delas responsabilizando-se pela leitura de um livro (ou mais) à sua escolha durante 10 minutos, o que permitiu que esta iniciativa se prolongasse durante 8 horas.

O mundo do jazz esteve representado por JNPDI! e por Maria Viana, que revelou que além de voz para o canto também a tem (e muito boa) para a leitura e declamação de poemas. A sua selecção recaiu sobre três poemas originais de Boris Vian.

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Workshop de jazz na Academia de Amadores de Música

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A Academia de Amadores de Música promove nos próximos dias 24 e 25 de Abril o primeiro workshop de Jazz, sessão orientada pelo pianista Benny Lackner.

Participantes:

Alunos e sócios da Academia de Amadores de Música : 40 €
Outros: 60 €


Ouvintes:

Alunos e sócios da Academia de Amadores de Música : gratuito
Outros: 10 €

22 de abril de 2008

Parabéns, Mingus

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Charles Mingus no Cascais Jazz (1975). D.R.

Se Charles Mingus fosse vivo completaria hoje, 22 de Abril, nada menos do que 86 anos.

Figura carismática, polémica, vanguardista, experimentalista e controversa do Jazz, activista dos direitos humanos, compositor de larga visão, e contrabaixista de excepção, Mingus foi um dos gigantes deste género musical, tendo tocado com praticamente todos os seus grandes nomes: Louis Armstrong, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Bud Powell, Art Tatum e Duke Ellington .

Portugal teve oportunidade de o ver uma vez só, quando em 1975 actuou no Cascais Jazz (ver foto acima).

Os mais interessados em conhecer Mingus podem ler a autogbiografia intitulada Abaixo de Cão, publicada pela Assírio & Alvim em 1982 (ainda existem alguns exemplares na loja desta editora). Aí, Mingus define-se como ser tripartido:


"In other words I am three. One man stands forever in the middle, unconcerned, unmoved, watching, waiting to be allowed to express what he sees to the other two.

The second man is like a frightened animal that attacks for fear of being attacked.

Then there's an over-loving gentle person who lets people into the uttermost sacred temple of his being and he'll take insults and be trusting and sign contracts without reading them and get talked down to working cheap or for nothing, and when he realizes what's been done to him he feels like killing and destroying everything around him including himself for being so stupid. But he can't - he goes back inside himself.

Which one is real?

They're all real."



Para melhor recordar Mingus, apresentamos um interessante documentário realizado por McGlynn em 1998.

Triumph Of The Underdog Part 1



Triumph Of The Underdog Part 2



Triumph Of The Underdog Part 3



Triumph Of The Underdog Part 4



Triumph Of The Underdog Part 5



Triumph Of The Underdog Part 6



Triumph Of The Underdog Part 7



Triumph Of The Underdog Part 8



Triumph Of The Underdog Part 9


IAJE declara falência e fecha portas

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A IAJE - International Association for Jazz Education - acaba de anunciar a abertura de processo de falência, tendo fechado portas no passado dia 18 de Abril.

Esta associação, fundada em 1968 com a missão clara de contribuir para a divulgação do jazz e do seu ensino e que anualmente realizava um importante encontro que reunia professores e personalidades de todo o mundo ligadas ao jazz, vai agora ver os seus bens repartidos pelos credores para fazer face a uma dívida de 1 milhão de dólares.

O presidente desta instituição explica no site da IAJE o contexto desta falência, argumentando que tal se deveu ao lançamento de uma campanha de recolha de fundos (que gerou mais custos do que proveitos) e ao facto da conferência anual, realizada este ano em Toronto, ter tido o menor índice de participantes dos últimos 10 anos, factos que agravaram uma situação financeira já de si debilitada.

Anita O'Day em documentário

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Daqui a um mês, no próximo dia 23 de Maio, estreia nos EUA aquele que é apresentado como o primeiro e definitivo documentário sobre Anita O'Day (1919-2006), uma das grandes vozes do jazz clássico.

JNPDI! apresenta-lhe hoje uma antevisão deste filme de 93 minutos realizado em 2007 por Ian McCrudden e Robbie Cavolina e que conta com imagens inéditos de concertos e testemunhos da própria cantora e de, entre outros, Annie Ross, Margaret Whiting, George Wein, Bill Holman, Johnny Mandel, Russel Garcia e Buddy Bregman.



Um dos excertos de espectáculos presentes neste documentário é a sua célebre actuação no Newport Jazz Festival de 1958, imortalizada no filme Jazz on a Summer’s Day. Ouçamos e vejamos, pois, Anita O'Day em “Sweet Georgia Brown”.

Communion hoje e amanhã no Hot Clube

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O baterista João Lencastre apresenta hoje e amanhã no Hot Clube o aclamado disco Communion, editado em 2007 pela prestigiada Fresh Sound Records.

Nos concertos da velhinha e sempre swingona cave da Praça da Alegria, Lencastre divide o palco com Phil Grenadier (trompete), João Paulo (piano) e Nelson Cascais (contrabaixo).

O repertório inclui temas de Ornette Coleman, Freddie Hubbard, George Gershwin, Bjork e, claro, do próprio ensemble.

21 de abril de 2008

Charles Mingus dixit

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Dias da música com jazz

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Foto de João Moreira dos Santos

Passámos ontem à tarde pelos Dias da Música em Belém, no CCB, onde tivemos oportunidade de assistir à conferência que se seguiu ao concerto do trio de Mário Laginha com o convidado Julian Arguelles.

O propósito deste debate era proporcionar um encontro informal entre intérpretes e público - sem dúvida uma forma interessante de aproximar quem toca de quem ouve - em género de conferência de imprensa pós jogo de futebol, só que aqui os intervenientes sabiam falar e tinham realmente uma mensagem a comunicar, uma mensagem com significado e com princípio, meio e fim.

Participaram Mário Laginha e Julian Arguelles, com moderação de Paulo Sérgio (director de programas do Rádio Clube Português).

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

O público que enchia a nova Sala de Leitura do CCB teve, assim, oportunidade de participar num interessante díálogo em torno da música que o quarteto acabara de produzir, pese embora em Portugal a timidez raramente permitir um grande fluxo de questões.

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

Aqui ficam algumas das respostas às questões colocadas aos oradores, nomeadamente as que em nome de JNPDI! lhes dirigimos. Começamos com o comentário de Arguelles sobre o concerto que acabara de realizar e a música de Laginha.




Perguntámos concretamente a Julian Arguelles se entendia que o jazz de standards estava em crise, em contraste com o florescimento de um jazz de originais muito restrito aos seus compositores e que pode um dia subtrair ao jazz o seu carácter histórico de idioma universal.




Paulo Sérgio quis saber, entre outros aspectos, se era difícil a Arguelles viver da música (isto após uma deixa de Mário Laginha, que afirmara que um músico de qualidade como Arguelles devia ser milionário, mas que também no Reino Unido não é fácil ser-se um jazzman) e se havia algum músico com quem tanto Arguelles como Laginha gostassem de tocar um dia. Eis a resposta.



O balanço desta iniciativa é muito positivo e a forte afluência de público demontra o enorme interesse que o jazz desperta actualmente em Portugal. Foi também muito significativo ver no final da sessão vários admiradores de Laginha comparecerem para o tradicional autógrafo, um deles carregando a sua discografia quase completa. Claro que Laginha tem um enorme prestígio, mas é também hoje em dia o próprio músico de jazz em geral e abstracto que goza, felizmente, de um melhor estatuto social na sociedade portuguesa, condição que raramente teve num passado recente (basta recuar 10 anos).

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Foto de João Moreira dos Santos

É bom ver que passados 60 anos o trabalho e esforço de Villas-Boas (que tantos insultos sofreu por ousar divulgar o jazz) e o empenho de tantos músicos que durante anos lutaram contra a corrente permitem presentemente ao jazz e seus intérpretes e amadores o reconhecimento e respeito que merecem.

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Foto de João Moreira dos Santos

E um exemplo bem claro desse status dos intérpretes e do próprio jazz é a sua inclusão nestes Dias da Música em Belém - que foram também dias de jazz em Belém - facto pelo qual felicitamos o CCB e sua equipa.

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Foto de João Moreira dos Santos

Já agora, aqui ficam alguns números em jeito de balanço deste evento:

Concertos

Número total de bilhetes emitidos (às 16h20): 27.780
Taxa de ocupação: 82,02%

Actividades Pedagógicas

- Concerto de 6ª Feira às 11h00: 600 crianças (lotação máxima 750)
- Quartos de Música (no Jardim das Oliveiras): 750 crianças em cada dia (lotação esgotada)

Aqui há conversas

- Em média, 75 pessoas assistiram a cada conversa


Dados fornecidos pelo CCB.

20 de abril de 2008

Louis Armstrong dixit

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18 de abril de 2008

Miles Davis dixit

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Leo Tardin no Hot Clube: Jazz e Electrónica

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Foto de João Moreira dos Santos

O pianista suiço Leo Tardin está no Hot Clube até amanhã, onde actua com o (super) baterista Yoann Serra e o rapper MC JP. A proposta é de uma música que combina o jazz, as sonoridades electrónicas e a palavra falada.

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

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Foto de João Moreira dos Santos

Aqui fica um excerto do concerto de ontem no Hot Clube.





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