29 de abril de 2007

Memórias do Jazz no Teatro da Trindade

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Conforme aqui noticiáramos, realizou-se ontem uma visita guiada ao Teatro da Trindade, um dos primeiros teatros portugueses a receber jazz tocado por negros norte-americanos, nos idos dos anos 20, entre os quais Sidney Bechet, que aí actuou como suporte ao bailarino Louis Douglas.

Tal constituíu, pois, para nós a oportunidade de conhecer os bastidores por onde passaram tais músicos, assim como a célebre Josephine Baker, que aí dançou e cantou em 1941 (como pretexto para acções de espionagem a favor de uma França livre, sobre as quais falaremos em breve num artigo que estamos a ultimar para a revista Blitz), ou mesmo Archie Shepp, que lá entrevistámos em 1997 (ver post de 17/08/2004), quando da sua actuação neste recinto.

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Foi com enorme surpresa e satisfação que, ao subir as escadas que dão acesso ao salão principal, nos deparámos com um conjunto de músicos e actores africanos que ali ensaiavam, o que de imediato nos remeteu para as memórias dos anos 20 e da sensação (e também muita indignação...) que causou na sociedade portuguesa a actuação de jazzmen e bailarinos negros neste e noutros teatros.

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A visita prosseguiu pelos camarotes do Trindade e outros espaços, permitindo vislumbrar pormenores arquitectónicos e decorativos que numa normal ida ao teatro frequentemente passam despercebidos.

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Para nós revestiram-se de maior interesse os bastidores propriamente ditos e os detalhes históricos deste recinto, nomeadamente o sótão (que excepcionalmente nos foi permitido visitar) e o arcaico primeiro sistema de controle de luzes do teatro (ver foto).

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Seria bom e importante que mais espaços de cultura, desde o São Carlos ao próprio CCB, abrissem as suas interessantes "entranhas" ao público, pois a proximidade deste com estas "fábricas" de cultura só pode aproximá-lo, parecendo certo que o conhecimento gera maior sede de conhecimento e que só se pode amar o que nos é próximo.

Já agora, e como é óbvio, o Teatro da Trindade é uma das paragens obrigatórias do II Roteiro do Jazz na Lisboa dos Anos 20/50.

28 de abril de 2007

"So What" é o tema preferido dos amadores de Jazz

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De acordo com uma sondagem realizada entre os ouvintes da estação digital de rádio The Jazz, o tema "So What, de Miles Davis lidera a preferência dos amadores de Jazz, ocupando a primeira posição no top ten das canções eleitas, onde ainda conta com duas entradas: "All Blues" e "Blues in Green".

A estação TheJazz transmite uma larga variedade de géneros de jazz: bebop, swing, cool jazz, blues e jazz moderno.

Top Ten

1. Miles Davis - "So What"

2. Dave Brubeck - "Take Five"

3. Louis Armstrong - "West End Blues"

4. John Coltrane - "A Love Supreme"

5. Miles Davis - "All Blues"

6. John Coltrane - "My Favourite Things"

7. Weather Report - "Birdland"

8. Jamie Cullum - "Twentysomething"

9. Duke Ellington - "Take The 'A' Train"

10. Miles Davis - "Blue In Green"

27 de abril de 2007

II Roteiro do Jazz na Lisboa dos anos 20/50

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Atendendo ao sucesso da primeira edição, JNPDI! propõe-se realizar no próximo dia 2 de Junho o II Roteiro do Jazz na Lisboa dos Anos 20-50, levando os participantes neste percurso pedonal a explorar os espaços da Lisboa em que primeiramente se ouviu o som da surpresa, desde teatros a clubes e lojas de discos.

Já recebemos as primeiras inscrições, mas para o evento se realizar é preciso assegurar um mínimo de inscrições... até porque contamos terminar o roteiro com um pequeno concerto por uma cantora bem conhecida o que, naturalmente, tem custos.

O programa ocupa todo o dia, das 10h às 17h, e tem a seguinte agenda:

10h00 - ENCONTRO

1 - Teatro São Carlos
2 - Teatro São Luiz
3 - Teatro da Trindade
4 - Restaurante "Primavera do Jerónimo"
5 - Discoteca Columbia
6 - Casa Valentim de Carvalho
7 - Café Chave D'Ouro
8 - Teatro Nacional D. Maria II
9 - Casa Odeon
10 - Bristol Club
11 - Clube Majestic/Monumental

13h00 - ALMOÇO (livre)

1 - Arcádia
2 - Coliseu
3 - Olympia
4 - Eden
5 - Salão Foz
6 - Clube Maxim's
7 - Clube Bal Tabarin Montanha
8 - Clube Alhambra (referência)
9 - Discostudio
10 - CUJ - Clube Universitário de Jazz
11 - Hot Clube de Portugal (1.ª e 3.ª e actual sede)

17h00 - FIM DO ROTEIRO


O custo por cada participante é de 25 euros e o passeio só se realizará com um mínimo de 20 inscrições. Para casais haverá um desconto, passando as inscrições a custar 20 euros. Os eventuais interessados deverão inscrever-se por e-mail até 7 de Maio: joaomoreirasantos@gmail.com


I ROTEIRO DO JAZZ - 2005

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O passeio começou junto ao Teatro São Carlos, onde pela primeira vez o jazz entrou em 1925, aí voltando 50 anos depois, em 1975, com Bill Evans e Eddie Gomez, num concerto organizado por Luís Villas-Boas e Duarte Mendonça, em pleno "Verão Quente".

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O Presidente do CNC, Dr. Gulherme d'Oliveira Martins e João Moreira dos Santos (autor do roteiro e de JNPDI!) recebem os participantes nesta odisseia. Oliveira Martins explicou a importância do grupo do Orpheu na estética do jazz, um enquadramento muito útil para situar esta linguagem musical no âmbito das artes e da renovação por que estas passaram no início do Século XX.

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O Roteiro do Jazz passou pelo cinema Condes (onde Don Byas tocou nos anos 40) e pelo Clube Maxim's, então instalado no Palácio Foz.

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O grupo do Roteiro do Jazz, constituido por mais de 40 pessoas, a caminho do Clube Bal Tabarin Montanha. Nunca antes se viu nas ruas de Lisboa tanta gente reunida em torno do jazz... o que não deixou de espantar os respectivos moradores.

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Um dos pontos de visita foi o edifício onde esteve em tempos instalado o Clube Bal Tabarin Montanha, por onde o Jazz passou a partir dos anos 20.

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A visita terminou em beleza, no Hot Clube de Portugal, um dos mais antigos clubes de jazz a nível mundial, com o respectivo presidente, Eng.º Bernardo Moreira, a fazer a história desta instituição e do seu fundador, Luís Villas-Boas.

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Recorrendo a um gramofone que foi propriedade de Luís Villas-Boas e actualmente integra o espólio do Hot Clube, Bernardo Moreira explica, para deleite dos visitantes, o funcionamento destes aparelhos onde nos anos 20 a 40 se ouvia o jazz que chegava a Portugal.

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No prato do gramofone tocou o disco mais antigo da colecção de Luís Villas-Boas, e agora do Hot, uma belíssima versão de "Tiger Rag", gravada em 1921, pela Original Dixieland Jazz Band. E que bem que funciona o gramofone e que bom som ainda debita!

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O roteiro terminou ao som do jazz, com o piano de António José de Barros Veloso.

Visita guiada ao Teatro da Trindade

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Realiza-se amanhã, Sábado, pelas 11h00, uma interessante visita guiada ao Teatro da Trindade, um dos primeiros espaços que acolheu concertos de Jazz em Portugal, ainda nos anos 20.

JNPDI! lá estará.

Para inscrições para esta visita basta passar pela livraria das Edições Cotovia, nas proximidades do Largo da Trindade. A entrada é livre.

Natalie Cole em Espinho

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Natalie Cole tem concerto agendado para o Casino de Espinho a 7 de Julho.

Jantar e concerto: 200 euros...

26 de abril de 2007

O Jazz por dentro, hoje no Porto

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O Jazz visita hoje, 26 de Abril de 2007, pelas 18.00H, a F.E.U.P. – Faculdade de Engenharia do Porto, numa espécie de concerto comentado, com a actuação ao vivo de cinco músicos, durante o qual serão apresentados alguns dos aspectos que tornaram o Jazz um dos géneros artísticos de maior dimensão do sec XX.

De acordo com Paulo Gomes, um dos mentores deste projecto, o objectivo desta acção é demonstrar que o "Jazz não é uma música elitista e executada apenas para ouvidos conhecedores, mas sim algo de fascinante e muito facilmente apreensível. Este projecto foi pensado para ser divulgado ao ouvinte comum. Por isso, através duma linguagem acessível e de exemplos apresentados num ambiente descontraído e informal, o público será surpreendido pela simplicidade de uma música frequentemente considerada complexa".

Em palco estará um quinteto composto por Paulo Gomes (Piano), Fátima Serro (Voz), Manuel Marques (Saxofones), Hugo Carvalhais (Contrabaixo) e Leandro Leonet (Bateria).

A entrada é livre.

25 de abril de 2007

Luís Villas-Boas no 25 de Abril de 1974

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Foto de João Freire (todos os direitos reservados)

Onde estava Villas-Boas no dia 25 de Abril de 1974?

E a resposta é... a trabalhar.

Às seis da manhã chegava ao Aeroporto de Lisboa e depois de passar a barreira militar comunicava para a sede da KLM (onde trabalhava), na Holanda, a necessidade de avisar dois aviões que se dirigem para a Portela da impossibilidade de aterragem devido à revolução em curso.

No dia seguinte, o fotógrafo João Freire supreendeu-o com a sua câmara em pleno Largo Camões (foto), acompanhado de um exemplar do jornal "Diário Popular".


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Esta e muito mais informações são contadas no livro O Jazz Segundo Villas-Boas, recentemente lançado pela Assírio & Alvim.

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JazzTimes de Maio

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Destaque para Pat Metheny e Brad Mehldau, que tocam em Portugal a 7 e 8 de Julho, respectivamente no Coliseu do Porto e na Aula Magna (Lisboa).

DownBeat de Maio

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24 de abril de 2007

Tommy Flanagan: Poeta do Jazz!

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Muito swing é o que se pode esperar deste 8.º volume da colecção JAZZ em DVD, a que JNPDI! se associou, e que acaba de ser editado: Tommy Flanagan Trio - Montreux '77.

Neste registo podemos ver e ouvir o pianista que ficou conhecido como "poeta do Jazz" (e que aliás editou um excelente CD com esta mesma designação - Jazz Poet) acompanhado pelo contrabaixo de Keeter Betts e a bateria de Bobby Durham.

Mais conhecido pela sua longa associação musical a Ella Fitzgerald (de que aliás existe um DVD a lançar brevemente nesta mesma colecção, também ele gravado em Montreux), nos anos 60 e 70, o percurso de Flanagan, pianista da denominada escola de Detroit, começou muito antes, ao lado de músicos como Oscar Pettiford, J.J. Johnson (1956-1958), Harry "Sweets" Edison (1959-1960) e Coleman Hawkins (1961), tendo como pontos altos a participação nos disco Giant Steps, de John Coltrane, e Saxophone Colossus, de Sonny Rollins.

No presente DVD Flanagan interpreta temas de Charlie Parker, "Barbados", com o qual inicia o concerto, Irving Berlin ("Heat Wave"), Duke Ellington ("Jump for Joy"), Dizzy Gillespie ("Woody'n You?") e Kenny Dorham ("Blue Bossa"), ou tornados conhecidos por vozes como Billie Holiday ("Some Other Spring") e Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald ("Easy Living").

Este DVD está disponível nos quiosques e papelarias, contudo não é de fácil acesso, pois como já anteriormente explicámos a colecção foi pensada para assinantes, sendo limitado o número de exemplares enviado para distribuição avulsa ao público.

Para assinar a colecção ou obter mais informação basta clickar no banner no topo de JNPDI!

22 de abril de 2007

Monumento a Charlie Parker

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Fica em Kansas City, na sua cidade natal, o monumento que homenageia o arquitecto maior do bebop.

Festa do Jazz é já em Maio

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Está aí à porta a 5.ª Festa do Jazz do São Luiz, evento a que, como sempre, iremos dedicar grande tempo e espaço em JNPDI!, pela sua importância para a consolidação e desenvolvimento do Jazz entre nós.

Este ano deslocada para Maio, a festa decorre nos dias 11, 12 e 13 e tem como principais protagonistas, não esquecendo os combos das várias escolas de Jazz do país, João Paulo, Maria João, trio de Afonso Pais, quinteto de Nelson Cascais, ensemble Festa do Jazz e quarteto de André Fernandes.

As master classes são asseguradas por Pedro Moreira (Sábado) e por Alberto Sanz (Domingo).

JNPDI! aqui exporá em breve a programação completa desta Festa do Jazz, recordando que a entrada é livre nos concertos realizados das 14h às 19h e ainda nas master classes, tendo os bilhetes para os concertos principais os seguintes custos:

1 dia: 15 euros
2 dias: 25 euros
3 dias: 30 euros

21 de abril de 2007

Três propostas de Jazz made in Portugal

Foram-nos remetidos gentilmente pelos respectivos autores três discos que têm em comum o facto de serem liderados por músicos portugueses, dos quais nos ocupamos no presente post.

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Comecemos pelo mais recente, Kick'n Blow, da autoria dos Desbundixie, grupo que cultiva e procura reviver o tradicional estilo Dixieland e edita agora um primeiro registo ao fim de sete anos de existência.

É desde logo de saudar o facto de em Leiria um grupo de jovens ter decidido lançar mãos a um projecto musical cuja sonoridade e estrutura tem as respectivas raízes no início do Jazz, na Nova Orleães do dealbar do século XX. Um projecto, portanto, muito longe do jazz moderno, sempre mais apelativo para a generalidade dos jovens músicos.

Neste disco dos Desbundixie (um nome feliz para uma jovem banda de Dixieland, diga-se de passagem) encontramos a instrumentação primitiva do jazz, com a presença do trompete, clarinete, trombone, tuba e banjo, estes dois últimos ambos instrumentos que o percurso evolutivo deste género musical fez cair em desuso, em benefício respectivamente do contrabaixo e da guitarra. Acresce o saxofone-tenor, que só seria incorporado nas bandas de Dixieland já mais perto dos anos 20, e que é aqui tocado por César Cardoso, músico com formação na Escola de Jazz Luís Villas-Boas, do Hot Clube de Portugal.

Instrumentos à parte, Kick'n blow apresenta uma boa selecção de repertório (com um total de 14 temas, entre os quais os clássicos "At the Jazz Band Ball", "Cornet Chop Suey" ou "Clarinet Marmelade") e um jazz, por assim dizer, bem disposto, enérgico, alegre e comunicativo, para o que muito contribui a intervenção vocal de Pedro Santos, que acumula tal função com o dedilhar do banjo.

O Jazz dos Desbundixie é o tipo de som que, pelo que atrás dissemos, pode ser uma excelente porta de entrada no Jazz, conquistando novo público. De facto, a simplicidade e comunicatividade contagiante desta música torna-a acessível mesmo a quem não gosta de Jazz e ideal para acções de formação em escolas, universidades, etc. pelo que reúne as condições para poder extravasar os palcos tradicionais e partir em itinerância, assim as autarquias o entendam e estejam disponíveis para investir na formação de públicos e não apenas na criação de centros culturais para os quais a procura nem sempre é suficiente justamente porque lamentavelmente a educação musical continua a ser uma verdadeira calamidade no ensino primário e secundário, ajudando a produzir público em massa para espectáculos de baixa qualidade musical e artística onde impera o consumo do alcoól e não da música em si.

Ficam dados o recado e a sugestão...

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Guida de Palma gravou em Londres, no Fortress Studios, o CD Atlas, registo que chegou recentemente a Portugal depois de ter sido lançado no Japão e em Inglaterra, e que sucede a Jazzinho, um bem sucedido projecto de 2003 que vendeu até hoje mais de 20 000 cópias internacionalmente.

Guida de Palma, que fez a sua carreira em Paris e Londres ao lado de projectos tão ambiciosos como Magma, Da Lata ou Kyoto Jazz Massive, apresenta um álbum de rare groove que "respira a leveza dos ritmos populares brasileiros como o balanço do jazz funk", para o qual contou com grandes lendas do free jazz e rare groove da década de 70. Neste projecto não falta mesmo um remix do tema "Dá Tempo ao Tempo", da autoria do Dj/produtor Nicola Conte.

Para a produção, Guida convidou Ed Motta e ambos fizeram questão de usar instrumentos vintage como o Fender Jazz Bass de 1973, a Clavinete D6, Moog ou o Hammond B3, entre outro material raro. Mas a parceria não ficou por aqui: Motta cantou com Guida em "Symmetry", tocou guitarra, percussão e fez back vocals.

Com Guida de Palma surgem em Atlas músicos convidados como Hamish Stuart, Jim Mullen, Max Middleton e Harry Beckett, para além da sua banda, Jazzinho, composta por músicos ingleses e brasileiros residentes em Londres: Simon Colam (Fender Rhodes, clavineta, orgão Hammond), Marcelo Andrade (flauta, violino), Nic France (bateria), Matheus Nova (baixo) e Anselmo Netto (percussão e bandolim). Esta banda já actuou em salas de referência, como o Jazz Cafe (Londres), Joe’s Pub (NY), Festival de Jazz de Montreal ou o La Paloma (Roma).

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Portuguesa de gema, com 16 anos Guida mudou-se de Setúbal para Paris e foi acompanhada pelo génio Jaco Pastorius durante os seus primeiros concertos no clube de jazz Sunset. Abençoada por esta colaboração, começou a tocar em várias cenas europeias e foi voz do famoso projecto de jazz experimental francês Magma na década de 80.

Já em Londres, participou na compilação BEF’s Music of Quality and Distinction ao lado de Tina Turner, Terence Trent d’Arby ou Chaka Khan. Cantou com o saxofonista Ronnie Laws e mais recentemente participou enquanto solista em projectos como Da Lata, Dzihan & Kamien, Boys from Brasil, Kyoto Jazz Massive, etc.

Paralelamente, Guida é engenheira de som (diplomada pela SAE – School of Audio Engineering), colocando o seu cunho na produção musical.

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Blue in Green é o primeiro registo da cantora Sara Valente, que surge aqui acompanhada por João Maurílio (piano), Nelson Cascais (contrabaixo), Paulo Bandeira (bateria) e Gonçalo Marques (trompete).

O repertório apresentado radica essencialmente nos standards do cancioneiro norte-americano e nos standards do jazz, com destaque para três temas para os quais Sara Valente escreveu (e em nossa opinião bem) a respectiva letra em português: "Speak no Evil" (Se quero mais), "Blue in Green" (Estranha Estrela) e "Infant Eyes" (Como o Sol).

Gravado num único dia, no Auditório do Seixal, este registo propõe um conteúdo muito equilibrado e ganha alguma inovação ao explorar temas para além daqueles tradicionalmente cantados pelas vozes do jazz. É assim que, adicionalmente aos atrás citados, surgem ainda "Well you Needn't" (de Thelonious Monk), um tema que sabe sempre bem ouvir e cuja letra resulta sempre interessante de seguir, e "Tokyo Blues" (Horace Silver).

Quanto à voz de Sara Valente parece promissora e gostamos de a ouvir sobretudo em "Well you Needn't", "Stolen Moments", "Summer Samba", aqui bem suportada pelo competente contrabaixo de Nelson Cascais, e "Tokyo Blues", tema que Dee Dee Bridgewater tão bem explorou no seu CD de homenagem a Horace Silver. Mais discutível é a inclusão de um fado, "Foi Deus", mas assim foi a vontade da autora e a verdade é que com a sua interpretação muito pessoal acaba por construir uma proposta interessante, embora pouco acrescente a este registo.

De referir que o presente CD será apresentado ao vivo no Onda Jazz, em Lisboa, no próximo dia 19 de Maio e também no Hot Clube, a 17 e 18 de Agosto.

Andrew Hill: 1931/2007

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Morreu o pianista Andrew Hill.

A notícia foi ontem dada por Charles Lloyd, que logo no início do concerto na Culturgest lhe dedicou um tema.

Andrew Hill partiu ontem de manhã, vítima de cancro do pulmão, ele que quando da sua recente na Culturgest se apresentava já bastante debilitado, tendo mesmo de abandonar várias vezes o palco entre solos para receber oxigénio.

Hill deixa uma obra seminal no Jazz, Point of Departure (1964), e um registo mais recente que mereceu o elogio generalizado da crítica, Time Lines (2006), ambos editados pela Blue Note.


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20 de abril de 2007

A música da rádio Marginal

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Para os ouvintes que gostam do ambiente sonoro da rádio Marginal, que anda pelo jazz e músicas afins, com alguma pop à mistura, está no mercado desde há alguns meses o disco 98.1 Marginal, um duplo CD que reúne de certa forma a playlist desta estação.

Num disco essencialmente vocal podemos encontrar desde as vozes clássicas do jazz, como Louis Armstrong ("Mack the Knife"), Ella Fitzgerald ("Sunshine of your love"), Anita O'Day ("Sing, Sing , Sing"), Sarah Vaughan ("Peter Gunn"), Chet Baker ("Let's get lost") às mais actuais, como as de Dee Dee Bridgewater, Peter Cincotti, Jamie Cullum, Madeleine Peyroux, Lisa Ekdahl e Jane Monheit.

Outras vozes, como as de Nina Simone, Billie Holiday e Dinah Washington, foram alvo de um remix que acabou por as enquadrar numa batida mas actual e mais facilmente digerível mesmo por quem não gosta de jazz.

A completar este autêntico catálogo de vozes estão ainda Joss Stone, Stevie Wonder, Lou Rawls, Barry White, Al Jarreau, Marvin Gaye, Dinah Shore, .

As vozes portuguesas não podiam faltar e encontram-se representadas por Jacinta e Paula Oliveira, que tão bem canta "O primeiro dia", de Sérgio Godinho.

Este CD não se fica, porém, apenas pelas vozes, apresentando também música instrumental, de que destacamos Donald Byrd.

Trio de Maria Viana em Braga

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Maria Viana actua em Braga, no Classic Jazz Bar (entre o Bom Jesus e o Sameiro), no próximo Sábado, 21 Abril 2007, pelas 22h, acompanhada por Paulo Gomes – Piano e Francisco Rocha - Contrabaixo.

Reservas para jantar: 96 023 82 20

Jazz às quintas no CCB

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A partir de Maio e até Setembro todas as quintas-feiras vão ser noites de jazz no CCB, com concertos a partir das 22H45 e com entrada livre.

Uma vez por semana, a Cafetaria Quadrante recebe um concerto e transforma-se em clube de jazz, num ambiente dinâmico, confortável e de convívio. No espaço de entrada pode-se refrescar com uma bebida enquanto se deixa contagiar pela música que vem da outra sala, assistir aí ao concerto ou, se preferir, sob as estrelas das primeiras noites quentes do ano, na varanda que estará aberta sobre o rio.

Russ Lossing é apenas o primeiro de uma iniciativa que inclui músicos portugueses e de várias influências e proveniências geográfico-culturais: Evan Parker, Herb Robertson, Agusti Fernandez, os irmãos Aaron e Stephan González, Alex Maguire e Rashiim Ausar Sahu, entre outros; e os portugueses Júlio Resende, Rodrigo Amado, Alípio Carvalho Neto, Carlos "Zíngaro", Ernesto Rodrigues, Manuel Mota, Afonso Pais, e muitos mais.

18 de abril de 2007

Ornette Coleman ganha prémio Pulitzer

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O saxofonista Ornette Coleman, um dos grandes nomes do Jazz, foi distinguido na passada segunda-feira com o prémio Pulitzer da música, celebrando o seu mais recente registo: Sound Grammar (2006).

Este disco é o primeiro no âmbito do Jazz a conquistar um Pulitzer, considerando que o trabalho de Wynton Marsalis distinguido com este mesmo prémio em 1997, Blood on the Fields, era um oratorio dedicado à escravatura.

15 de abril de 2007

Estoril Jazz rompe fronteiras

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Quem diria que o Estoril Jazz chega tão longe como a Vancouver (Canadá) e Nova Zelândia!

Pois é daí mesmo que têm chegado via e-mail pedidos de bilhetes provenientes de amadores de jazz que estarão de férias em Portugal nas datas deste histórico festival. Isto para não falar nos Ingleses, que normalmente também reservam bilhetes.

Talvez por isso, este ano a promoção do Estoril Jazz vai pela primeira vez chegar "lá fora", com uma campanha de Spots de TV, com a duração de um mês, no MEZZO, canal francês de televisão por cabo.

Mais nada!

Bessie Smith, Imperatriz dos Blues

Completa-se hoje mais um aniversário sobre o nascimento de Bessie Smith, cantora que é considerada até ao presente como a "Imperatriz dos Blues".

Esta verdadeira força da natureza nasceu a 15 de Abril de 1894 e aprendeu a arte dos blues a cantar ao lado de Ma Rainey. Em 1923 chegou a Nova Iorque, onde foi vista e ouvida ao vivo por António Ferro (esse mesmo, o do Secretariado de Propaganda Nacional). Aí gravou o seu primeiro disco, para a Columbia, com um tema que a haveria de tornar famosa: "Downhearted Blues".

No final dos anos 20 os EUA viviam a grande depressão e os blues encontravam-se também em queda e a perder popularidade. Com 35 anos, Smith protagoniza o filme St. Louis Blues (o único registo audiovisual seu), estreado em 1929. É precisamente esse filme, realizado por Dudley Murphy, que hoje aqui apresentamos.



Dois anos depois, a Columbia dispensava-a, embora Bessie ainda viesse a gravar em 1933 e continuasse a actuar. O seu regresso em força estava previsto para acontecer mediante um concerto no Carnegie Hall, o que não viria a suceder pois morreria num acidente no Estado do Mississipi, ao ser-lhe negada (assim reza a lenda) assistência médica devido à cor da sua pele...

14 de abril de 2007

"Buddy" Bolden retratado em filme

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Buddy Bolden (2.º em pé a contar da esqd.ª) com a sua banda

A vida do lendário cornetista Charles "Buddy" Bolden, que Louis Armstrong considerava o pai do Jazz, vai ser retratada em filme produzido por Wynton Marsalis e dirigido por Dan Pritzker. O filme deverá estrear em 2008, estando já em curso as filmagens em Nova Orleães e na Carolina do Norte, cabendo ao actor Anthony Mackie (She Hate Me, Million Dollar Baby) dar vida a esta lendária personagem do jazz, sobre o qual tantas histórias se contam.

Nascido em 1877, de Bolden, que exerceu uma determinante influência em músicos como Sidney Bechet, Freddie Keppard, Joe "King" Oliver e Louis Armstrong, dizia-se que a sua forte sonoridade era audível a vários quilómetros. Porém, a sua carreira foi breve e terminou abruptamente quando o músico começou a sofrer de perturbações mentais, vindo a ser internado num hospital psiquiátrico em 1907, onde faleceria em 1931.

Sobre Bolden, afirma Luís Villas-Boas no livro que recentemente editámos: O Jazz Segundo Villas-Boas (pp. 179-181):

E assim chegámos a 1900, ano em que se diz que Buddy Bolden começou a tocar. Buddy Bolden, que a lenda considera como o maior músico do «jazz» de todos os tempos, levava uma vida bastante agitada em Nova Orleans. De dia, na sua loja da Rua Perdido, cortava cabelos, e de noite tocava em intermináveis festas para que constantemente era procurado.

O seu primeiro conjunto tinha a seguinte composição: Buddy Bolden – cornetim; Jimmy Johnson – contrabaixo com arco; Willy Cornish – trombone de pistões; Willy Warner ou Frank Levis – clarinete e Brock Mumford guitarra.

Em Nova Orleans considera-se como tendo sido Bolden a alma do «jazz». Algumas testemunhas pretendem que Bolden tocava cornetim de tal maneira que quando no Lincoln Park, em noites calmas a sua orquestra tocava, podia ouvir-se o som do trompete de Buddy Bolden numa área de 25 quilómetros.

Buddy Bolden iniciou a sua carreira em 1900, tocando na orquestra de Bennie Peyton. Em 1902, organiza o conjunto de que falámos acima. Em 1903, modifica um pouco a composição do seu grupo, introduzindo um bateria: Cornelius Tilman, revolucionando assim a composição dos conjuntos. Quando Franc Lewis o deixou, Bolden procurou debalde outro clarinetista, e não conseguindo nenhum, contratou o jovem cornetista Bunk Johnson, que recentemente veio de Nova Orleães para Nova Iorque, com cerca de 70 anos, e Frank Dusen que substituiu Willy Cornish no trombone.

Com os anos, o conjunto, como actualmente também sucede, varia de composição, e desfilam por ele o contrabaixista Bob Lyons, o clarinetista Sam Dutrey, o violinista Jimmy Palao, o bateria Zino, etc.

(...)

Depois do internamento num asilo de alienados em Jackson, de Buddy Bolden, no ano de 1907, alguns dos seus músicos passaram para a Eagle Band. Outros, como o guitarrista Norwood Williams, o violinista Palao, o trombonista Eddie Vinson, o clarinetista George Bacquet e o trompetista Keppard fazem parte da Original Creole Band.

É durante este período que o «jazz» começa a tomar forma, tornando-se uma arte disciplinada, e com processos próprios. As orquestras começam a ter temas favoritos, alguns dos quais ainda hoje são conhecidos, como High Society, Panama, Milneburg Joys, Muskrat Ramble, etc. que o Olympia Band criou.

Apesar do trabalho não faltar nessa altura em Nova Orleans, nas inúmeras casas de Storyville, que Tom Anderson dirigia, e nos bailes, «pic-nics», marchas e carros de reclame, a rivalidade existente entre as orquestras era flagrante. Cada uma disputava a preferência do público, e se por acaso, quando percorrendo a cidade instaladas em carros com letreiros de reclame a qualquer coisa, se encontravam duas orquestras, ali mesmo travavam duelo, a que se chamava «cutting contest», que só terminava quando um dos contendores exausto desistia e era vaiado pelo público que se tinha reunido em volta. Foi assim que a fama de Bolden se fez, pois nunca foi derrotado num «cutting contest».

13 de abril de 2007

Lloyd com Moran na Culturgest

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Conforme noticiámos há dias, Charles Lloyd actua na Culturgest no próximo dia 20 de Abril e confirma-se a presença de Jason Moran no piano, ficando o quarteto completo com Reuben Rogers (contrabaixo) e Eric Harland (bateria).

Sobre Charles Lloyd aqui fica o texto escrito, para este concerto, pelo crítico de Jazz Manuel Jorge Veloso,

Charles Lloyd nasceu em Memphis, Tennessee, em 15 de Março de 1938. Deram-lhe o primeiro saxofone quando tinha nove anos. As transmissões radiofónicas, na década de 1940, de actuações de músicos como Charlie Parker, Coleman Hawkins, Lester Young, Billie Holiday e Duke Ellington, levaram-no para o jazz. Os seus primeiros professores foram, entre outros, o pianista Phineas Newborn e o saxofonista Irvin Reason. O seu amigo de infância mais próximo era o grande trompetista Booker Little. Na sua juventude Lloyd tocou com o saxofonista George Coleman e acompanhou grandes cantores de blues como Johnny Ace, Bobby Blue Band, Howlin’ Woolf e B.B. King.

A música clássica também exerceu grande atracção sobre jovem Lloyd e em 1956 deixou Memphis para ir para Los Angeles obter o seu mestrado em música na University of South California onde estudou com Halsey Stevens, uma reconhecida autoridade em Bela Bartok.

Enquanto os dias eram passados na Universidade, à noite Lloyd completava a sua formação nos clubes de jazz de L.A. onde tocou com Ornette Coleman, Billy Higgins, Scott LaFaro, Don Cherry, Charlie Haden, Eric Dolphy, Bobby Hutcherson e outros proeminentes músicos de jazz da costa Oeste. Foi também membro da big band de Gerald Wilson.

Em 1960, com 22 anos, foi convidado para ser director musical do grupo de Chico Hamilton, quando Dolphy saiu para se integrar o grupo de Charles Mingus. O guitarrista húngaro Gabor Szabo e o contrabaixista Albert “Sparky” Stinson cedo se juntaram a Lloyd na banda. A música dos mais memoráveis álbuns de Hamilton para a editora Impulse!, Passin’ Trough, Man from Two Worlds, foi quase integralmente escrita ou arranjada por Lloyd. Durante este período de grande criatividade como compositor foi descobrindo a sua voz única como saxofonista.

No princípio dos anos de 1960 foi para Nova Iorque tocar nos principais clubes de jazz: Five Spot, Birdland, Half Note, Jazz Gallery, Slugs e Village Vanguard. Rapidamente criou amizades com muitos dos mestres que tanto admirava, como Coltrane, Monk, Mingus, Coleman Hawkins ou Miles Davis. Estabeleceu uma colaboração memorável com o mestre percussionista nigeriano Babatunde Olatunji, com quem actuava quando não andava em digressão com o grupo de Hamilton.

Em 1964 passou a integrar o sexteto de Cannonball Adderley, ao lado de Nat Adderley, Joe Zawinul, Sam Jones e Louis Hayes. Nesse ano assinou pela CBS Records e começou a gravar como líder. Nos discos Discovery (1964) e Of Course, Of Course (1965), que gravou para a Columbia, participaram músicos como Roy Haynes e Tony Williams na bateria, Richard Davis e Ron Carter no contrabaixo, Gabor Szabo na guitarra, Don Friedman no piano. A revista Down Beat considerou-o “New Star”.

Lloyd deixou o sexteto de Adderley em 1965 para formar o seu próprio quarteto que introduziu no mundo do jazz os talentos do pianista Keith Jarrett, do baterista Jack DeJohnette e do contrabaixista Cecil McBee. A primeira gravação do conjunto foi um disco de estúdio, Dream Weaver, seguido de Forest Flower: Live at Monterey (1966). Forest Flower fez história por ter sido um dos primeiros álbuns de jazz a vender um milhão de cópias. O quarteto foi o primeiro grupo de jazz a aparecer no famoso Fillmore Auditorium em São Francisco, e noutros recintos dedicados ao rock, e a partilhar o cartaz com nomes como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Cream, The Greateful Dead ou Jefferson Airplane.

Em 1967, com 29 anos, foi eleito “Jazz Artist of the Year” pelos críticos reunidos pela revista Down Beat e o quarteto foi convidado para uma digressão mundial. Na Europa, em Festivais como os de Montreux, Antibes, Molde, os concertos tiveram um enorme sucesso. As suas apresentações no Extremo Oriente, na União Soviética, nos países europeus do Bloco do Leste marcaram os primeiros contactos do público desses países com um grupo de jazz americano ao vivo. No pico da Guerra Fria, em 1967, os jornais da União Soviética davam grande ênfase ao facto de o quarteto ser o primeiro grupo de jazz americano que tocava na URSS por convite do povo soviético e não através de apoio governamental. O seu primeiro concerto foi em Tallinn, na Estónia, os subsequentes em Leninegrado e Moscovo.

Foi então que, no auge da sua carreira, Lloyd desfez o seu grupo e desapareceu, no início dos anos 1970, para seguir um caminho interior em Big Sur, uma pequena região no Sul da Califórnia em que a montanha se precipita sobre o mar e cuja beleza e isolamento atraiu diversos artistas como Robinson Jeffers, Langston Hughes, Henry Miller, Lawrence Ferlinghetti, Jack Kerouac, Jean Varda e Jamie DeAngulo.

Só em 1981 Lloyd quebrou o seu silêncio e recolhimento, quando um notável pianista francês, Michel Petrucciani (então com apenas 18 anos), chegou a Big Sur e Lloyd decidiu ajudar a dar a conhecer ao mundo este músico magnífico. Fez digressões pela Europa e pelo Japão em 1982 e 1983 com Petrucciani no piano, Palle Danielsson no contrabaixo e Son Ship Theus na bateria. O crítico inglês de jazz Brian Case designou este retorno de Lloyd como “um dos eventos dos anos 80”. O grupo produziu uma edição especial de uma cassete, Night Blooming Jasmine e dois discos ao vivo, Montreux ‘82 e A Night in Copenhagen que apresentava também Bobby McFerrin (este disco foi recentemente reeditado pela Blue Note). Satisfeito porque Petrucciani estava a começar a receber o reconhecimento que merecia, Lloyd voltou a retirar-se para Big Sur.

Em 1986, depois de ter sido hospitalizado em consequência de doença muito grave, Lloyd voltou a dedicar-se à música. Quando recuperou as forças recomeçou a compor. Em 1988 formou um novo quarteto com o reputado pianista sueco Bobo Stenson.

Em 1989, sete anos depois de ter feito o seu último álbum, Lloyd voltou ao estúdio para gravar Fish Out of water (1990) para a ECM. O projecto marcou o início de uma nova vaga de composições e gravações de Lloyd, sempre para a ECM, que prosseguiu com os álbuns Notes From Big Sur (1992), The Call (1994), All My Relations (1955), Canto (1997), Voice in The Night (1999), The Water is Wide (2000), Hyperion With Higgins (2001), Lift Every Voice (2002), Which Way Is East (2004), Jumping the Creek (2005), Sagam (2006).

Em 1997 voltou a Tallinn para comemorar o 30º aniversário da sua apresentação nessa cidade. As pessoas vieram de centenas de quilómetros de distância para celebrarem este retorno à Estónia e foram-lhe oferecidas as chaves da cidade. O concerto foi, mais uma vez, um triunfo.

Quando Lloyd dedicou o seu álbum Canto ao seu amigo, o baterista Billy Higgins, Manfred Eicher sugeriu que Lloyd trouxesse Higgins para o próximo projecto. Em Voice in the Night, publicado em 1999, Lloyd juntou Higgins, o guitarrista John Abercrombie e o baixista Dave Holland. Higgins e Abercrombie permaneceram no grupo em The Water is Wide, o álbum seguinte, que contou ainda com as participações de Brad Meldhau e Larry Grenadier. The Water is Wide recebeu prémios e grandes elogios por todo o mundo. Para além de figurar em muitas listas americanas dos melhores discos do ano, foi considerado o disco de jazz de 2000 no Japão e na República Checa, ganhou vários prémios na Alemanha e a revista francesa Jazzman também o considerou como Disco do Ano.

A morte de Billy Higgins em Maio de 2001 foi uma tragédia para o saxofonista. Tinham-se conhecido em 1956, quando Lloyd estudava na Universidade e desde essa altura que era um amigo e colaborador muito próximo.

Apesar desse desgosto, o ano de 2001 acabou com nota alta para Lloyd com o concerto que deu, em Novembro, na Grace Cathedral de São Francisco, em duo com o grande percussionista e intérprete de tabla Zakir Hussain, quando ainda estava muito presente a memória dolorosa do 11 de Setembro. Juntos encontraram uma forma de elevar os espíritos do público através da música. Este concerto, que fazia parte do Festival de Jazz de São Francisco, foi o primeiro do Festival a esgotar e foi a primeira vez na história do Festival que um concerto na catedral esgotou.

Em 2004 a ECM editou o último álbum que Lloyd e Higgins fizeram juntos, Which Way Is East, um único e extraordinário documento da sua criatividade musical e de uma amizade profunda e duradoura. Which Way Is East está também registado em vídeo e num documentário intitulado Home.

Charles Lloyd mantém uma intensa actividade ao vivo, com apresentações em Festivais e salas de concerto. Continua a trabalhar com Geri Allen e John Abercrombie, e por vezes apresenta-se num quinteto que os inclui. Também continua a realizar projectos especiais com Zakir Hussain. O seu último álbum para a ECM, Sagam, é um trabalho com Hussain e com o percussionista Eric Harland.

“A música é uma força que cura. Tem a faculdade de ultrapassar fronteiras, pode tocar directamente os corações, pode falar ao mais fundo do espírito, onde as palavras são desnecessárias. É a mais poderosa forma de comunicação e expressão da beleza”. Charles Lloyd

(adaptado de www.charleslloyd.com)

Jazz no Câmara Clara

No rescaldo da homenagem a Luís Villas-Boas, o pioneiro da grande divulgação do Jazz em Portugal, e na véspera do concerto do histórico Charles Lloyd em Lisboa, Jacinta (?!) e Manuel Jorge Veloso, o veterano que tocou com Dexter Gordon no I Cascais Jazz e trouxe à RTP dos anos 60 Keith Jarrett (com Charles Lloyd), vão falar do que distingue o Jazz, a "música da liberdade", e contar histórias, passadas e presentes, que explicam muito da popularidade sem precedentes de uma música que nasceu na margem "errada" da sociedade e, com o tempo, tomou o coração do nosso mundo.

Para ver já no próximo Domingo, no programa Câmara Clara, na RTP2, às 22h40.


Texto: RTP e JNPDI!

12 de abril de 2007

Charles Lloyd em Lisboa e Porto

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Charles Lloyd regressa a Portugal para a semana para dois concertos, um na Casa da Música (18) e outro na Culturgest (20).

O saxofonista e flautista apresenta-se em quarteto com piano (a designar), contrabaixo (Reuben Rogers) e bateria (Eric Harland).

A não perder!

11 de abril de 2007

O Jazz Segundo Villas-Boas já está nas livrarias

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Chegou na passada semana às livrarias o primeiro livro sobre Luís Villas-Boas, o primeiro a dedicar-se ao Jazz em Portugal.

Na FNAC o preço de capa é de 21.60 euros. Nas demais livrarias custa 24.00 euros.

JNPDI! conta ter alguns exemplares para disponibilizar aos leitores interessados, situando-se o preço em 20.00 euros, número redondo. Como o envio por correio se torna oneroso esta oferta só poderá abranger os leitores da grande Lisboa aos quais o referido livro possa ser entregue em mãos. Aos interessados pedimos desde já que o comuniquem por email para joaomoreirasantos@gmail.com


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