31 de maio de 2005

Jogada sem swing!

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Fernando Gomes na administração da GALP...

Agora se percebe porque acabou o GALP JAZZ... a empresa já prepara o processo de liquidação!

Ella em Montreux, 1969

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Este DVD de Ella Fitzgerald, gravado em Junho de 1969 ("Trés chaud", queixa-se ela ao público...), marca a sua estreia no Festival de Jazz de Montreux.

JNPDI! já teve oportunidade de o ver e ouvir várias vezes e recomenda-o vivamente, pesem embora alguns contras.

Positivamente é de realçar o facto de ser este um registo histórico, mas tal não justifica só por si os 19,00 euros que custa na FNAC.

O que o justifica é a qualidade das interpretações e se Ella Fitzgerald não está absolutamente no seu melhor, está a um nível ainda assim muito bom e tem no piano de Tommy Flanagan, no contrabaixo de Frank de la Rosa e na bateria de Ed Thigpen (ui, ui!)acompanhantes à altura.

Ella consegue imprimir um swing fantástico aos temas em uptempo, como é visível no "breathtaking" «That Old Black Magic", perante uma plateia de suiços que não estalam os dedos nem batem o pé... Frios...

E improvisa, muito, tanto que no início do concerto já vai avisando que vai cantar temas que nem eles (os músicos do trio) próprios conhecem/sabem... O mais supreendente ocorre precisamente num scat medley (é também este o título do tema, se é que é tema) em que Ella puxa a sua voz e imaginação praticamente ao limite.

Depois, bem, depois Ella está aqui muito à vontade e brincalhona, deixando escapar frases como "Play pretty for the people, Tom" (referindo-se a Tommy Flanagan no início de um solo).

O repertório é variado e contempla:

1. Give Me The Simple Life
2. This Girl's In Love With You
3. I Won't Dance
4. A Place For Lovers
5. That Old Black Magic
6. Useless Landscape
7. I Love You Madly
8. Trouble Is A Man
9. A Man And A Woman
10. Sunshine Of Your Love
11. Well Alright Okay You Win
12. Hey Jude
13. Scat Medley
14. A House Is Not A Home

Negativamente, apenas a registar uma realização algo titubeante e o facto de se tratar de um filme a preto e branco (se é que isto é negativo).

Agora, e porque estamos em tempo de crise, coloca-se uma questão ao amante de jazz: então e compro este ou este:

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Boa questão!

São dois mundos diferentes.

Separam-nos 10 anos e uma orquestra que, por sinal, é a de Count Basie. Logo, este concerto é muito mais variado.

Eu diria que começava por este, mas não negligenciava o outro.

É que este é mesmo excepcionalmente bom!

30 de maio de 2005

Pechincha no Carrefour Telheiras

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Está à venda no Carrefour de Telheiras, por apenas 7,50 euros, um pack que integra o disco "Kind of Blue" (considerado um dos mais importantes discos de jazz de sempre) e o DVD "The Miles Davis Story".

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Melhor do que isto só nos chineses, se vendessem jazz, claro!

29 de maio de 2005

Angra Jazz 2003 na RTP África

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A RTP África está a transmitir o Angra Jazz 2003 - Festival de Jazz de Angra do Heroísmo.

O único senão é a hora... ontem foi na madrugada de Domingo, às 4h30, e para a semana repete, desta vez às 5h30.

Em foco està a violinista Regina Carter, num concerto pleno de pontos de interesse. Pena não haver divulgação para que quem gosta de jazz possa ver/gravar estes concertos.

28 de maio de 2005

BD Jazz ou Let's Jazz, eis a questão!

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Espero que este post possa ser útil a quem, não tendo possibilidades económicas de comprar ambas as colecções publicadas pelo DN e pelo Público, necessite de alguma "orientação" para se decidir pela que melhor se lhe adequa.

Dito isto, importa responder à seguinte interrogação: não podendo comprar ambas as colecções destes jornais (BD Jazz e Let's Jazz, respectivamente) qual a mais indicada para mim?

Comecemos pelo projecto do DN...

Confesso que estava com receio que esta BD Jazz incorresse no mesmo "pecado" de outras edições que apresentam grandes nomes do jazz, mas com uma qualidade sonora absolutamente lamentável, normalmente utilizando gravações antigas porque já isentas do pagamento de direitos de autor.

Porém, esta BD Jazz que o DN tem vindo a divulgar é uma surpresa pela positiva. O que se tinha constatado em Ray Charles é agora confirmado neste segundo volume, dedicado a Ella Fitzgerald. A qualidade das gravações é boa, a selecção dos temas é interessante e, claro, só peca por não permitir acompanhar a carreira global dos artistas. Na verdade, no caso de Ella Fitzgerald as gravações apresentadas centram-se exclusivamente nos anos 40 (2.ª metade) e 50 (início), o que deixa de fora o início da sua carreira (o primeiro disco foi gravado em Junho de 1935, com Chick Webb) e os melhores anos, que começam precisamente a partir de meados dos anos 50 (Norman Granz torna-se seu empresário somente a partir de 1955 e os célebres songbooks começam a sair um anos depois).

Outra das canções que fica de fora é "A Tisket, A Tasket", o tema que projectou Ella para a fama. Gravado em 1938, por uma jovem Ella de 21 anos, vendeu 1 milhão de exemplares e esteve no topo das tabelas durante 17 semanas...

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[Ella interpreta "A Tisket, A Tasket" no filme "Ride'Em Cowboy", de 1942]

Por outro lado, a BD apresentada peca um pouco pelo minimalismo, mas ainda assim não deixa de ser um trabalho criativo interessante e digno de apreciação positiva. A opção dos editores, pelo que vimos até agora, parece ter sido apresentar apenas os factos mais marcantes do início da carreira de cada um dos músicos retratados, o que é legítmo e um critério como outro qualquer. Claro que preferíamos uma BD que acompanhasse os artistas ao longo da sua carreira, mas isso teria outros custos...

Falemos agora do Público...

A meu ver, a colecção do Público é mais indicada para quem não tem grandes conhecimentos de jazz e pretende uma exposição genérica a esta forma de arte, tomando contacto com a sua história, diversas correntes e com um leque diversificado de músicos. É também indicada para quem já tendo alguns conhecimentos de jazz pretende agora alargar os mesmos, podendo, por um preço acessível, conhecer a obra de músicos que desconhecia.

Quanto à colecção do DN parece-me mais indicada para especialistas e cleccionadores porque (e atenção!) deixa de fora muitos dos momentos mais marcantes de cada jazzman (o que não é grave porque este público já os conhece), não permite situar os artistas nas diversas correntes do jazz (idem idem) e a grande mais valia que apresenta é realmente acrescentar o aliciante da BD. Não quer isto dizer que um leigo quanto ao jazz não possa tirar daqui grande prazer auditivo, entenda-se, mas tão só que esta colecção não nos parece tão interessante para ele como a do Público, que é muito mais abrangente e histórica do jazz em si, sem deixar de sublinhar os seus principais intérpretes.

Ou seja, se tivesse de optar o que faria era comprar a Let's Jazz e adquirir pontualmente os coleccionáveis da BD Jazz que tratassem de jazzmen que me interessassem particularmente.

Nota histórica

A propósito do volume sobre Ella Fitzagerald publicado na BD Jazz do DN, convém referir algo que não é dito na história da sua actuação na noite de amadores do Apollo Theatre.

É que a canção que Ella cantou (quando decidiu à última hora não dançar, mas sim cantar) foi "Judy", de Hoagy Carmichael. Depois de um intenso aplauso, Ella cantou "The Object of My Affections" em encore.

Já agora, na banda que acompanhou Ella nessa noite (assim como todos os concorrentes) estava o saxofonista Benny Carter, que ficou de tal forma bem impressionado com a sua prestação que começou a apresentá-la às pessoas certas para lançá-la profissionalmente.

Goody, Goody!

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Num dos CDs da BD Jazz que o DN está a promover Ella Fitzgerald canta este interessante "Goody, Goody":

So you met someone who set you back on your heels, goody goody!
So you met someone and now you know how it feels, goody goody!
Well you gave her your heart too, just as I gave mine to you
And she broke it in little pieces, now how do you do?

So you lie awake just singing the blues all night, goody goody!
And you found that loves a barrell of dynamite!
Hurray and halleluyah, you had it comin to ya
Goody goody for you! goody goody for me! ya I hope you?re
Satisfied you rascal you!

Do you remember me sittin? all alone waitin? for the tinkle of the telephone?
Now the action jackson?s turned right around, goody goody!

Yes you remember me, I was all for you, sittin? waitin? hoping like you told me Too.
Now the action jackson?s turned right around

So you met someone who set you back on your heels, goody goody!
So you met someone and now you know how it feels,
Hurray and halleluyah, you had it comin to ya.
Goody goody for her.
Goody goody for me.
And I hope she tans your hide you Rascal
I hope your satisfied you rascal.
So goody good good for me you rascal You!

Vale a pena ouvir.

27 de maio de 2005

Quem casou em Portugal ao som do jazz?!

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JNPDI! não sabe, mas os felizardos que se acusem!

É que tiveram o privilégio de ter a animar a sua festa de casamento músicos como Richard Wyands (que tocou com Ella Fitzgerald, Carmen McRae, Roy Haynes, Cahrles Mingus...) e Eddie Locke (que tocou com Henry "Red" Allen, Willie "the Lion" Smith, Teddy Wilson, Roy Eldridge, Coleman Hawkins, Lee Konitz e Tiny Grimes).

Será que sabiam disso?

30 anos de Jazz em Portugal em livro

Desde 1974 que Duarte Mendonça produz concertos e festivais de jazz em Portugal. Do Cascais Jazz ao Estoril Jazz, passando pelo Jazz Num Dia de Verão e pelo Galp Jazz, são 30 anos a trazer até nós alguns dos maiores nomes deste grande idioma musical filho do Século XX.

Agora, a sua actividade de produtor entre os anos de 1974, quando se iniciou no Cascais Jazz, ao lado de Luís Villas-Boas, e 2004, é documentada num livro que leva o leitor a viajar por uma sucessão cronológica e ilustrada de praticamente todos os concertos e festivais por si organizados.

Nele se encontram imagens de diferentes gerações de jazzmen, desde Dizzy Gillespie, Bill Evans, Charles Mingus e Dexter Gordon, até Diana Krall, Dianne Reeves e Wynton Marsalis.

A editar em breve pela Câmara Municipal de Cascais, conta com textos de João Moreira dos Santos e fotografias de João Freire, Nuno Calvet, Henrique Calvet e Rosa Reis.

Aqui se conta, pois, grande parte da história recente e mais relevante do jazz em Portugal, numa obra que já tardava e se afigura essencial para preservar a memória da evolução desta forma de arte entre nós e contribuir para a sua divulgação.

26 de maio de 2005

A última morada terrena de Miles Davis

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A última morada terrena do mago do trompete fica no Woodlawn Cemetery, no Bronx, em Nova Iorque.

Aí repousa desde Setembro de 1991.

Neste mesmo cemitério encontram-se ainda Duke Ellington, William "Sonny" Greer, William Christopher "W.C." Handy, Lionel Hampton, Coleman Hawkins, Milt Jackson, Joseph "King" Oliver, Illinois Jacquet e Charles "Cootie" Williams.

Um autêntico quem é quem no jazz!

De tal forma que na Primavera e no Outono o cemitério organiza um tour pelas campas destes notáveis do som da surpresa.

Miles Davis faria hoje 79 anos

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Miles Davis faria hoje 79 anos e por isso JNPDI! assinala esta data com um conjunto de imagens suas, tão diferentes e variadas como variado e camaleónico foi o seu percurso (felizmente!).

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[http://www.strangehorizon.com/2003/20030414/gallery/tour5.shtml]

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25 de maio de 2005

André Matos apresenta «Pequenos Mundos» no Olga Cadaval

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O guitarrista André Matos apresenta o seu primeiro álbum de originais, editado pela Fresh Sound New Talent, num concerto no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, no próximo dia 9 de Junho.

"Pequenos Mundos" dá-nos a conhecer uma série de elegantes composições de jazz, que nos revelam por vezes algumas raízes lusas, com melodias fortes e harmonias simples.

André Matos é o segundo português editado pela Fresh Sound New Talent, a qual tem apresentado nomes importantes do jazz que emergiram na última década, tais como Mark Turner, Perico Sambeat, Kurt Rosenwinkel ou Brad Mehldau.

Em "Pequenos Mundos", André Matos apresenta um conjunto de originais e conta ainda com temas do contrabaixista Damian Cabaud, com o qual se apresentou ao vivo na 3ª Festa do Jazz do São Luiz:

1. Surrealistic Cous-cous (A.Matos) 2:36
2. Por Outras Palavras (A.Matos) 7:33
3. Pequenos Mundos (A.Matos) 8:15
4. Transatlantic Affair (A.Matos) 9:18
5. Uncle John (A.Matos) 8:44
6. Los Pasos Perdidos (D.Cabaud) 6:38
7. Spirit of Change (A.Matos) 7:54

Bolseiro da Berklee College of Music, em Boston, André acabou em 2003 a sua licenciatura em ´Performance´, com distinção.

O quinteto que vai actuar em Sintra inclui o norte-americano Nathan Blehar, no saxofone tenor, os argentinos Leo Genovese, piano, e Demian Cabaud, contrabaixo, e o português Bruno Pedroso, na bateria.

Os três primeiros acompanharam a estadia de André Matos no Berklee College of Music: «tocámos muito juntos e desenvolvemos uma forte amizade e uma grande cumplicidade musical», diz André.

André Matos, guitarra

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[André Matos e Damian Cabaud na 3.ª Festa do Jazz do São Luiz]

André Matos tem 23 anos e toca guitarra desde os 9. Depois de ter estudado no Hot Clube de Portugal, com Mário Delgado, entre 1999 e 2000, recebeu uma bolsa que lhe permitiu mudar-se para Boston, e estudar na Berklee College of Music.

Nessa escola foi reconhecido entre os melhores performers com a William Leavitt Memorial Scholarship. Graduou-se em performance em Dezembro de 2003, com a distinção Magna Cum Laude.

Teve educação formal ou informal com Mick Goodrick, Ed Tomassi, Pat Metheny, George Garzone, Hal Crook, Dave Santoro, Joe Lovano, Rakalam Bob Moses, Rick Peckam e Jon Damian entre outros.

A sua experiência como performer inclui pequenos festivais nos EUA, uma passagem por Londres e, em Portugal, várias actuações no Hot Clube de Portugal e nos clubes de jazz mais conhecidos, CCB, Casa Fernando Pessoa, entre outros lugares.

Neste momento lecciona na Escola de Jazz do Barreiro, assim como particularmente.

Tem tocado com músicos nacionais e internacionais importantes, que incluem, Jorge Reis, Nelson Cascais, Bruno Pedroso, João Moreira, Afonso Pais, Demian Cabaud, Jesse Chandler, Walter Smith, Nathan Blehar, Phil Grenadier, Leo Genovese, Ziv Ravitz, David Doruzka, Luques Curtis, Warren Wolf, James Williams, Plume, Gonçalo Marques.
Reside em Sintra de onde é natural.

Nathan Blehar, saxofone tenor

Nathan Blehar (EUA) formou-se no New England Conservatory, onde estudou com Jerry Bergonzi e Danilo Perez, entre outros. Actua regularmente em Boston com a sua banda de rock "Planet Earth". Vive em Ahmerst, Massachussets.

Leo Genovese, piano

Leo Genovese nasceu em Venado Tuerto, Argentina. Terminou os seus estudos no Berklee College of Music. Actua frequentemente na zona de Boston, com músicos de créditos firmados, tais como George Garzone, Bob Gulotti, Hal Crook, Joe Lovano, entre outros. O seu último trabalho chama-se "Haikus II" e é editado pela Fresh Sound Records.

Demian Cabaud, contrabaixo

Demian Cabaud é natural de Buenos Aires, Argentina. Estudou com Hernan Merlo, mestre contrabaixista argentino. Graduou-se no Berklee College of Music, onde estudou com John Lockwood e Wit Brown, entre outros. Fez parte da secção rítmica num vídeo educacional de Joe Lovano. Actuou nos festivais de Lichfield e Monterey (CA) e nos clubes Yoshi´s e Blue Note Jazz Club (NY). Actualmente vive em Lisboa e tem actuado com os músicos mais proeminentes da cena jazzística portuguesa, tais como João Moreira, Jorge Reis, Alexandre Frazão, Nuno Ferreira, Mário Delgado, Afonso Pais, entre outros. É neste momento o baixista da Orquestra de Jazz de Matosinhos, que tem actuado com solistas como Mark Turner, Chris Cheek ou Rich Perry.

Bruno Pedroso, bateria

O português Bruno Pedroso conta com uma vasta experiência, não só no jazz como também na música popular com colaborações com os Resistência, Jorge Palma, Paulo Gonzo entre outros. Tem vindo a actuar na área do jazz com Carlos Martins, Pedro Madaleno, André Fernandes, Laurent Filipe, Carlos Barretto, Maria João, Rick Margitza, Aaron Goldberg. Vive em Sintra.

2050, odisseia no Hot Clube

Lisboa, ano 2050.

Uma patrulha da polícia ronda a Plaza de la Alegría e estaciona a nave ao pé de um prédio do início do Século XX. Dois agentes equipados com capacetes e viseiras saem da viatura através de largas portas de asa de gaivota e dirigem-se para o n.º 39.

Dos confins de uma cave escura saem gritos estridentes e ouve-se o ruído de copos a partir enquanto uma voz longínqua vocifera:

- Sai daqui minha porca! Vai ter com o outro e deslarga-me da mão que não te quero ver mais!

Os dois agentes descem rapidamente as escadas e apontam os identificadores de íris a dois homens. Alonzo confirma os dados e reporta para a central:

- Código 555, tenho dois transexuais em agressão no Hot Clube. Situação sob controlo.

Gonzalo, o segundo agente, dá início ao interrogatório.

- Ora bem, usted chama-se Elisa, certo?
- Certinho e direitinho, senhor agente, tão certo como ser eu mulher criada e despeitada...
- E qual é a sua função nesta casa?
- Ora bem, eu sou a gerente, sou eu que contrato aqui os músicos de transjazz e os DJ.
- E há quanto tempo desempenha estas funções?
- Concretamente desde que o meu falecido marido faleceu.
- E isso foi quando?
- Concretamente quando ele descobriu que eu o enganava com esta aqui... - refere apontando displicentemente para Cláudio.
- O ano!!
- Ai credos, homem de Deus! Em 2045...
- E visto estar ferida deseja apresentar queixa deste sujeito?
- Concretamente não porque ele é meu marido.
- Tem a certeza?
- Pois claro, estou tão certa disso como o Billy Strayhorny [sic] ser bixa!

Todo o ambiente do pequeno clube é kitsch, marcado por paredes cor de rosa e ténues luzes encarnadas. Nas mesas amontoam-se copos que repousam em bases feitas de velhas fotografias dos principais jazzmen que por ali actuaram no início do século passado. Nos braços de Dexter Gordon repousa um whisky meio bebido e o trompete de Thad Jones aponta para um vodka laranja de ar duvidoso. Os velhos discos de 78 rotações foram resgatados do baú da memória do clube e servem agora de bandeja. Numa penada, Elisa transporta em cima de "Now's The Time" três sumos e uma caipirinha bem gelada.

Nas paredes encontram-se projectadas imagens tridimensionais das grandes divas do jazz, em montagens que as apresentam agora num look transformista: Ella Fitzgerald tem uma farta cabeleira verde, Billie Holiday foi convertida ao visual dum conhecido político já na reforma, Sarah Vaughan tem um cabelo tipo Sinnead O'Connor e Dinah Washington surge cravada de piercings nas orelhas e nos lábios. Ao fundo, na zona do palco, Duke Ellington e Count Basie, numa perfeita fotomontagem, encenam um beijo romântico, com muitas luzinhas vermelhas a desenhar um coração que acende e apaga em torno dos seus lábios.

Numa das paredes conserva-se ainda uma ampliação do cartão do primeiro sócio do clube, agora apresentado como uma senhora forte e com um ligeiro bigode em cuja foto segura delicadamente um pequeno cão de colo enfeitado com lacinhos e sinos. No bar, numa das paredes não crivada de nádegas plásticas, sobressai uma fotografia de um senhor onde se poder ler uma dedicatória carinhosamente escrita em baton: «À memória da Lady Jazzé. Foste a maior de todas! És poderosa, pá! Tu mandas!»

Numa máquina ultramoderna de masoquismo a la carte, colocada junto do bar, é possível, a troco de uma moeda de 250 peseteuros, ouvir a voz de Duarte Mendonça, um dos históricos sócios do Hot Clube, num conjunto de afirmações criadas artificialmente a partir das suas entrevistas à rádio e à televisão. Da vasta selecção à escolha dos masoquistas sobressaem: 1) "Seus gandas paneleiros! Veaaaaados!". 2) "Se eu estivesse vivo mandava arrasar isto tudo e soterrava-vos a todos, cambada de panascas invertidos!". 3) "Vocês precisavam era de ser empalados com o saxofone do Charlie Parker!". A preferida, com mais de 50 000 pedidos registados até à data, é uma bem mais simples: «O que é esta merda, seus bois!», em que a sua voz soa com enorme eco e se repete ad eternum.

Mas, chega de pormenores...

Farto de esperar, Cláudio dirige-se aos agentes e roçando a perna em Alonzo pergunta:

- Oh amigas podemos recomeçar o espectáculo ou não? Vá lá...
- Afirmativo. Não quero voltar a ter de vir aqui, estamos entendidos?
- Ai senhor agente venha sempre que quiser... ver a gente...
- Adios.

A música começa subitamente com um DJ a improvisar ao vivo sobre as grandes vozes do jazz. Graças aos enormes avanços na técnica áudio, Frank Sinatra e Tony Bennett cantam "The Man I Love" em dueto, enquanto lá fora, no pátio, os casais dançam alegremente nos seus vestidos de lantejoulas. Segue-se "Cantaloupe Island", com a voz de Parker modulada para entoar a melodia com a palavra bixa. O público delira e aplaude ruidosamente, comprovando que é este o êxito do Verão de 2050.

Tragicamente ninguém se lembra de que o clube comemora neste mesmo ano o seu centésimo aniversário. Mas que importa, o passado é passado e de qualquer forma todo o arquivo histórico arduamente conservado pelo último presidente dos sócios, Eng.º Bernardo Moreira (agora nomeado simplesmente como Binas pelos novos gerentes do franchising de Lisboa do HCP), há muito que foi vendido a peso para comprar sapatos de saltos altos para os empregados do bar...

24 de maio de 2005

Hot, clube gay...

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A história foi contada hoje pelo presidente do Hot Clube de Portugal, na conferência que connosco partilhou na Hemeroteca Municipal de Lisboa, e conta-se em poucas palavras, mas suficientes para arrancar uma boa gargalhada.

Um certo dia uma voz masculina jovem e "doce" ligou para o Hot Clube e do lado de lá atendeu o Eng.º Bernardo Moreira:

- É do Hot Clube de Portugal? Hoje estão abertos a que horas?
- Hoje estamos encerrados...
- Então e além do vosso que outros clubes gay há aí na zona?

:)

Definitivamente, há quem não perceba que a palavra Hot pode ter a ver com jazz...

Jazz e livros

Amanhã é inaugurada a 75.ª Feira do Livro de Lisboa e as honras de abertura cabem à Big Band do Hot Clube de Portugal.

A ouvir, às 20h00, no auditório do recinto deste certame.

Mas o jazz não se fica por aqui... já que no dia 26 actuam os Dead Combo, que propõem uma Viagem entre a Lisboa do Fado e do Jazz.

Será que na feira do livro além de jazz também há livros sobre jazz?

Duvido...

Neste Mundo de caos e queda...

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... não há como ouvir Mahalia Jackson e a sua mensagem.

Recomendo!

23 de maio de 2005

Hank Jones em foco na Downbeat de Junho

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São mais de 60 anos a tocar jazz!

Recentemente, passou pela Casa da Música, com Joe Lovano, e tivemos oportunidade de o fotografar:

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[Foto: João Moreira dos Santos]

Apesar da idade avançada (nasceu em 1918), Hank Jones continua em grande forma e mostra-se jovial.

Em disco, acaba de chegar às lojas com Joe Lovano neste Joyous Encounter:

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Lembrar Artie Shaw

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Se Artie Shaw fosse vivo estaria hoje a cumprir 95 anos!

Mas, quis o destino que só chegasse aos 94, falecendo no final do ano passado.

Shaw foi um dos mais importantes clarinetistas e chefes de orquestra do período do swing e influenciou muitos jazzmen, incluindo os pioneiros do jazz em portugal.

22 de maio de 2005

Jazz na "casa dos jornais"

No próximo dia 24 de Maio a Hemeroteca Municipal de Lisboa promove uma conferência intitulada «Cascais Jazz - História e Memória».

Participam na conferência os seguintes oradores:

- João Moreira dos Santos (JNPDI!) - História breve do jazz em Portugal

- Bernardo Moreira (Presidente do HCP) - Luís Villas-Boas e o Hot Clube

- Duarte Mendonça (Projazz) - Do Cascais Jazz ao Estoril Jazz.

A conferência tem lugar às 19h00 e é acompanhada por uma exposição de fotografias do Cascais Jazz, do Jazz Num Dia de Verão e do Estoril Jazz.

A entrada é gratuita.

Dia 27 de Maio, repete na Bilbioteca Municipal Orlando Ribeiro, mas aqui já só com a presença do mentor de JNPDI!

Hemeroteca Municipal de Lisboa
Rua São Pedro de Alcântara, 3
Telef.: 21 346 07 66
(Ao pé do elevador da Glória)

O amante de jazz...

Criatura de hábitos nocturnos, ele anda aí, normalmente pelos clubes de jazz ou pelos concertos e festivais.

É o amante de jazz e tem características próprias que permitem identificá-lo como membro da espécie a que pertence.

Primeiro que tudo fala minimamente inglês, idioma essencial para soltar uns yeah!! durante os solos mais emotivos ou para pedir temas nos encores:

- Seven steps to heaven!
- My funny valentine!
- Autumn leaves!

Estes pedidos são disparados com um misto de ordem, de arrogância, de conhecimento de causa e de direito à audição do tema verbalizado, pelo que normalmente terminam numa voz arrastada.

Segundo, os músicos que vêm tocar à sua terra são sempre "do melhor" pelo que lhe é absolutamente impossível aconselhar os amigos a seleccionar os concertos mais interessantes. "É tudo bom! Estes tipos são umas feras!", afirma com convicção esmagadora.

Terceiro, conhece obviamente o produtor do concerto e os músicos, dando pormenores sobre a sua vida privada, quanto mais sórdidos e íntimos melhor:

- Este esteve na cadeia...
- Ela canta bem, mas é lésbica...
- Este tipo já passou muito na vida... É um desgraçado, mas toca bem como o caraças!

Quarto, no momento crucial em que o concerto está a decorrer tem de identificar os temas logo aos primeiros acordes e evidenciar bem essa sua capacidade junto dos demais ouvintes:

- Stella by starlight...
- It's only a paper moon!
- Eh pá, este All of You é fabuloso!

Este procedimento é assim como que um código da tribo que permite saber quem é ou não genuinamente do grupo. Está, digamos, para o ouvinte de jazz como dar um só beijo está para as tias da Lapa e da Quinta da Marinha. É tudo uma questão de código. Claro que está liminarmente posta de parte a hipótese de perguntar ao companheiro do lado se o tema em causa é o X ou o Y. Jamais! Ele raramente se engana ou tem dúvidas.

Outro destes códigos é desde logo a palavra jazz. Ele pronuncia-a obviamente como jázz. Os membros alheios ao grupo dizem djézz, coisa que o irrita solenemente, mas que ao mesemo tempo como que o reconforta como membro de uma elite esclarecida.

Quinto, não lhe basta reconhecer os temas, tem também de catalogar imediatamente o jazzman que está a ouvir:

- Canta como o Joe Williams
- É um Coltrane para pior...
- Toca como o Charlie Parker!
- É mainstream...

Aqui a regra é que quanto menos conhecido do grande público fôr o termo de comparação maior é a aparência da sua erudição. Por essa razão, Lennie Tristano é preferível a Oscar Peterson, Charlie Christian é preferível a Wes Montgomery e por aí fora...

Sexto, o verdadeiro amante de jazz acha sempre que o concerto de hoje foi pior do que o de ontem e o de ontem pior do que o anteontem. Isto assegura-lhe ascendência sobre os novos membros do grupo que não tiveram oportunidade de assistir aos grandes concertos do passado glorioso do jazz na sua terra. Não é por isso de estranhar que produza afirmações como:

- Não correu mal, mas não se compara com o concerto de 1971. O tipo já não tem a mesma pedalada... falta-lhe fôlego para o trompete.
- Bom, bom foi em 1990, no Coliseu. Isto agora já não é novidade.

Sétimo, como qualquer amante de jazz que se preze tem na manga umas tantas expressões pseudo qualquer coisa para usar depois do concerto e impressionar bem os amigos, conhecidos e demais ouvidos que estejam por perto:

- O gajo esteve bem na coda...
- Gostei especialmente do modulação rítmica do trompetista...
- A pianista é uma Ellingtoniana...
- A segurança do contrabaixista é impressionante...
- Não gostei muito da maneira como ele improvisa nos rhythm changes...
- Aqueles glissandos saem-lha da alma...

Oitavo, se é realmente um amante do jazz certamente que não lhe passa pela cabeça ir pedir um autógrafo no final do concerto. Isso seria admitir que não conhece bem o músico em causa ou dar-lhe muita importância. Deixá-lo lá com os curiosos... Aqui quer-se um comportamento de indiferença.

Finalmente, já depois do concerto terminado, diz obviamente à namorada:

- Para que estavas a bater o pé no primeiro e no terceiro tempo?! Não percebes nada disto...

Com esta tirada a sua noite está "ganha" e o seu ego bem tratado.

Já pode ir para casa ouvir... jazz.

21 de maio de 2005

Jazz para três ditadores e um país improvisado

Hitler, Mussolini e Salazar encontram-se um dia às portas de São Pedro, que medita pacientemente no karma que melhor se aplica às suas malévolas acções do passado.

Consultadas as divindades e Saturno, é-lhes então anunciada a sentença redentora:

- Lamento informá-los, meus irmãos, mas os vossos crimes são muito graves e a única forma de expiação dos pecados que haveis cometido é enviar-vos de volta ao vosso Mundo como músicos de jazz...

Hitler explode violentamente, como é seu timbre, e afirma, ora erguendo o dedo para São Pedro, ora batendo violentamente com o punho numa nuvem mais espessa:

- Isso nunca! Não perdi anos da minha vida a perseguir esses negróides corruptores da cultura alemã clássica e do meu Wagner para ir agora tocar essas aberrações sincopadas e primitivas!! No meu tempo essa música estava banida... - afirma com uma cotovelada cúmplice em Mussolini.

Salazar, mais comedido, roça as mãos uma pela outra, num indisfarçável nervosismo, meditando sobre se haverá possibilidade de haver algum clube desta música na sua Santa Comba Dão e, quem sabe, S. Pedro enviá-lo a ele e aos seus amigos de volta ao seu cantinho à beira mar plantado...

Já Mussolini limita-se a afirmar resignado:

- Bem, eu até tenho um filho que toca isso... Desde que não me obriguem a fazer o pino...

Hitler deixa escapar um ligeiro sorriso e acrescenta:

- Sempre foste um permissivo, meu caro Duce... Agora percebo porque te penduraram de cabeça para baixo em Milão. Um filho a tocar jazz...

Porém, São Pedro é peremptório e começa a distribuir os papéis de cada um no trio:

- A ti, que a Alemanha conheceu como Fuhrer, te entrego um belo Steinway para que possas suavizar a tua ira e perceber que no piano, tal como no Mundo, há teclas brancas e pretas e que a música, tal como a vida, é feita de diversidade. Aprenderás que sem elas não consegues tocar blues nem jazz.

- A ti, que Itália conheceu como Duce, te entrego um robusto contrabaixo já que em vida mostraste ser um homem firme e poderás assim segurar o tempo dos teus companheiros de combo.

- A ti, que... ai meu Deus, como é mesmo o nome do país deste?! Aquele país para onde mandamos pessoas com karmas pesados... Bem, enfim, adiante que isto já vai longo. A ti, meu irmão, te entrego uma bateria com muitos tambores para que cada vez que batas num te lembres da tua pesada mão e das torturas que infligiste aos nossos irmãos.

Palavras não eram ditas e uma voz provinciana e meio saloia ergue-se num misto de resolução e subserviência, tão típica daquele tal país semi-desconhecido:

- Ah isho não, meu Shanto Shenor, que eu desde que caí da cadeira jurei que não me boltava a shentar noutra geringonça com pernas e esha coisa da bateria tem lá um banco ou o que isho é onde a gente se ashenta!

- Bem, logo se verá, mas para já eu estou a cumprir ordens e bateria será. Ou isso ou...

- Ah isho também não, meu Shanto Shenor! Deixai bir a mim a bateria ou lá o que isho é. Ashim sempre me lembro de África e do meu tarrafal - argumentou Salazar com um ligeiro, mas disfarçado sorriso. Além de que piano nunca shaberia tocar e o contrabaixo fazia-me logo lembrar daquele shubversivo do Charlie Haden que se foi pôr aos gritos no Cascais Jazz. Ai, cala-te boca que o São Pedro ainda me bem falar na PIDE - pensou Salazar silenciosamente.

Pouco preocupado com estes detalhes, Hitler, como é apanágio da cultura metódica germânica, logo assumiu as rédeas da banda.

- Então mas oh São Pedro e o que é que nos vais pôr a tocar?! Eu aberrações do Monk e doutros comunas que tais recuso-me ter-mi-nan-te-men-te a tocar. Não me venham cá falar em Rounds Midnights nem em Well You Needn'ts... Quanto mais não seja podemos tocar qualquer coisa daquele sacana bolchevique que mandei banir por querer incluir temas do jazz numa ópera... o Ernst Krenek, esse lacaio dos EUA. Ao menos era alemão.

Mussolini, menos afirmativo, limitou-se a um simples:

- Providenciado que o nome do tema não tenha nada relacionado com upside down... É que desde aquela cobardia de que fui vítima em Milão tornei-me um pouco sensível, se me faço entender.

Já o nosso Salazar afirmou timidamente:

- Eu shó não gostaba de tocar a Song for Che... Pronto, são coishas cá minhas, num é... Ao de resto, façham como melhor entenderem e que sheja a bem do nosso kharma colectibo.

São Pedro explicou então que a vida dos três ia ser difícil e com contornos pouco claros:

- Sabeis que vos espera uma vida de muitas privações. Tereis que tocar em clubes com muito fumo, ganhar mal, ser arrasados pela crítica, ser ostracizados pelos media, televisão nem pensar!, andar de terra em terra... tocar com cantoras desafinadas, decorar centenas de temas, ser ilustres desconhecidos... Mas, enfim, assim pagareis o vosso pesado karma. Então, aceitais o desafio?

Hitler, Mussolini e Salazar pensaram, pensaram, pensaram e finalmente o ex-líder do III Reich falou por todos:

- Meu caro São Pedro o que nos propões é inaceitável e se estivessemos nos anos 40 fica sabendo que mandava a minha Luftwaffe contra ti. Mas enfim, se não nos resta outra opção ao menos concede-nos um favor...

Desconfiado, São Pedro virou-se para o pequeno ditador e disse pacientemente:

- Dizei, meu irmão...

Hitler aperaltou-se e soergueu-se ligeiramente para conferir maior determinação ao seu discurso:

- Eu e os meus colegas só temos uma exigência... É que quando o Bush cá chegar o mandes de volta como músico pimba ou como iraquiana da dança do ventre! Ahahahah!!

E assim,logo pela madrugada do dia seguinte os três homens foram enviados de volta ao Mundo para expiar o seu karma.

Durante anos e anos tocaram um pouco por todos os países e um dia passaram por Portugal e o trio apresentou-se algures numa daquelas terras em que as passadeiras vão dar a muros, em que há postes no meio das estradas ou em que os contentores do lixo estão trancados a cadeado. Chegaram com três horas de atraso, depois de o motorista da carripana que os transportava se ter perdido numa bifurcação em que duas setas indicavam o mesmo destino, mas para direcções totalmente opostas. Azar, deviam ter virado à esquerda, mas as suas arreigadas convicções políticas do passado preferiram a direita por unanimidade.

Foi aí, então, que perceberam que o seu karma estava terminado.

O Paraíso esperava-os, mas se ainda assim fosse o inferno não haveria de ser muito pior.

20 de maio de 2005

Jazz para o público às quintas-feiras

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Conforme JNPDI! anunciou em primeira mão, o jornal Público vai lançar uma colecção inédita de 31 cadernos coleccionáveis (com oferta de CD) dedicados ao nosso jazz.

Sob a direcção de José Duarte, esta coleçcão percorre a história do jazz através de alguns dos seus nomes essenciais, mas também do papel dos instrumentos ou das vozes que ao longo dos anos fizeram do jazz história.

Alguns textos serão assinados por jazzmen portugueses, como Bernardo Sassetti e Carlos Martins.

Todas as quintas-feiras, a partir de 25 de Maio, por 6,50 euros.

E parece que o jazz está mesmo na moda, se atendermos à iniciativa do Diário de Notícias nesta mesma área e que hoje mesmo teve início. Em França, o "Libération" vai lançar uma antologia do jazz...

Deus nos acuda que alguma deve estar para acontecer!

;)

Jay Corre na Espiral

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O saxofonista Jay Corre estará amanhã, 21 de Maio, na Espiral, às 21h00.

Natural dos EUA, cresceu em Atlantic City, em New Jersey, e interessou-se pela música aos 5 anos de idade, iniciando-se no saxofone aos 14.

Começou por tocar com a Alex Bartha Orchestra, a que se seguiu uma temporada na US Navy Band, donde sairia para integrar a Raymond Scott Orchestra, com Dorothy Collins.

Jay Corre viria posteriormente a tocar com Buddy Rich, Harry James, Benny Goodman, Dizzy Gillespie, Ella Fitzgerald, The Duke Ellington Band (com Mercer Ellington), Oscar Peterson, Frank Sinatra, Mel Torme, Tony Bennett e Sammy Davis Jr.

Sobre Corre escreve Sonny Rose o seguinte:

Formed in the warmth of Hawk, the cool of Prez and the genius of Bird, Jay's style has enlarged to become unmistakably his own. (...)At times fierce and driving, at others gentle and humorous . . . always genuine and loving . . . Jay dazzles with the mastery of his horn and material.

A presença de Corre na Espiral vem da sua ligação à comunidade Baha'i, que data desde o início dos anos 70, comunidade à qual pertenceu também Dizzy Gillespie.

ESPIRAL - CENTRO NATURAL

Praça Ilha do Faial 14A/B e 13C Lisboa
Geral: 213553990
Correio electrónico: info@espiral.pt

As good as it Getz

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É fundamental ouvir o novo disco do saxofonista-tenor Scott Hamilton.

Hamilton é o saxofonista mais Getziano da actualidade e toca aqui com Bill Charlap (piano), Kenny Washington (bateria) e Peter Washington (contrabaixo).

BD Jazz no DN

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Já está nas bancas o 1.º volume da série BD Jazz.

JNPDI! já comprou e gostou do que viu embora ainda não tenha ouvido.

Um ponto positivo em relação à edição original à venda na FNAC é, claro, a tradução para português, o que permite ampliar o público. Outro ponto positivo é o preço: na FNAC custa 14.95, com o DN (já incluindo o jornal) custa 10.90 euros.

A edição original é das Éditions Nocturne.
A publicação e adaptação para português é da Corda Seca.

Keith Jarrett a solo

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Radiance é o primeiro CD de Keith Jarrett a solo numa década e foi gravado ao vivo em Osaka e em Tóquio, em Outubro de 2002.

Lançado a 2 de Maio deste ano, celebra o 60.º aniversário de Keith Jarrett.

Entretanto, a ECM anunciou que no final de 2005 vai lançar um DVD para assinalar o 150.º concerto de Jarrett no Japão, o qual consiste no espectáculo de Tóquio, de Outubro de 2002.

Este DVD marca a incursão da ECM nos suportes audiovisuais digitais.

A voz de Dena DeRose

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A cantora Dena DeRose, que já actuou em Portugal, no Estoril Jazz, lançou recentemente um novo CD.

Em A Walk In The Park, DeRose surge acompanhada por Martin Wind, no contrabaixo, e Matt Wilson, na bateria.

Os 10 discos preferidos de Cincotti

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O concerto de Cincotti no Estoril Jazz está a dar que falar e a chegar a um público que normalmente anda arredado do jazz.

Assim sendo, JNPDI! vai procurar aqui fornecer mais informação sobre este jovem cantor.

Aqui ficam os seus discos preferidos, entre jazz, rock e pop, com os seus comentários:

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Donald Fagen. Kamakiriad. Certainly one of my favorite records. The musicians are so tight and the actual quality of the sound is perfect.

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Sting. Nothing Like The Sun One. of the things I love about Sting is how you can hear his many different influences in the music he produces. He can seamlessly blend different musical styles together while maintaining his unique sound.

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Ray Charles. The Genius of Ray Charles. It's hard to name just one record that I love when we're talking about Ray Charles. The way he communicates a lyric is unmatched, and his piano accompaniment is never too much, but always just enough. He is one of my favorite artists of all time.

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Oscar Peterson. My Favorite Instrument. This is one of the first records that made me want to play piano. Oscar Peterson's fluidity and virtuosity is astounding and whenever I hear him I'm constantly reminded of how much practicing I have to do.

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Coldplay. Rush Of Blood To The Head. The songs on this record are infectious and every one is as powerful as the next.

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Eminem. Marshall Mathers. Eminem is one of my favorite artists out there today. His creativity, his lyrics, and his phrasing are all part of what makes him one of the best storytellers and innovators of this generation.

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Jeff Buckley. Grace. There's a certain emotional quality within his voice and an overall intensity about this record that makes me want to hear it over and over again.

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Shirley. Horn Here's To Life. Shirley Horn has the unique ability to really get inside the music and communicate to the listener. Her piano playing blends so well with the beautiful orchestration and you feel every lyric she sings.

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Billy Joel. 52nd Street. One of my favorite records by one of my favorite songwriters.

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Nat King Cole. Any Nat King Cole trio record Nat Cole was such a master at balancing the art of piano playing with the art of singing. My favorite albums are his early trio records

19 de maio de 2005

Os concertos de Sun Ra em Portugal

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[Fonte: www.downbeat.com]

O primeiro concerto teve lugar, curiosamente, num festival de rock, mais concretamente no Festival de Vilar de Mouros, em 4 de Agosto de 1982. Acabou já perto das 4 da manhã...

Os outros dois concertos tiveram lugar no Jazz em Agosto, em 1985. Existe uma gravação aúdio, mas a RTP não filmou.

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Mais informações em: http://www-ctp.di.fct.unl.pt/~amd/sunra/sunra-portugal.html#1982

Sai para a semana o novo CD de Brubeck

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A Telarc lança no próximo dia 24 de Maio «London Flat, London Sharp», o mais recente registo do pianista Dave Brubeck, que celebra este ano o seu 85.º aniversário.

O título pode parecer estranho, mas Brubeck explica tudo direitinho:

"We traveled by bus through Great Britain for a week, from town to town, and I thought the rides were awfully long. When I complained, the promoters explained that next week everyone would be in a London flat, to which I responded «That would be sharp»". Dave Brubeck, from the liner notes by Bob Blumenthal.

Em London Flat, London Sharp, Brubeck é acompanhado pelo sax alto e pela flauta de Bobby Militello, pelo contrabaixista Michael Moore e pelo baterista Randy Jones.

Sobre este disco escreve a revista JazzTimes: "The album with its rich varied repertoire is a testament to Brubeck's extraordinary life of uninterrupted creativity".

Ficamos a aguardar.

Pena é que a distribuidora da Telarc e da Concord em Portugal só se preocupe em divulgar o seu catálogo junto dos grandes jornais.

Maria João e Mário Laginha em digressão europeia

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Maria João e Mário Laginha iniciaram dia 10 de Maio uma tournée que os levará a diversas cidades da Áustria, Bélgica, Alemanha e Suíça.

Apresentando-se em quarteto, os músicos vão continuar a rodar o seu último álbum - Tralha - sem esquecer, é claro, temas que já se tornaram verdadeiros clássicos do duo.

Mais informação em: http://www.mariolaginha.org/

Novas de Kodheli e dos Nomad

Quando Dave Douglas esteve em Lisboa com o projecto Nomad, JNPDI! travou amizade com o violoncelista que o acompanha, Rubin Kodheli e desde então temos vindo a seguir o seu percurso e o deste grupo.

Hoje recebemos mais um e-mail, que aqui publicamos:

Hello Joao!

Here is Rubin the cellist from Nomad with Dave Douglas.
How are you doing these days?!

I am playing more and more music which is great and challenging at the same time.

I just finished perfoming with my girlfriend a dance production that went really well.

We will be performing this month again.

Tonight I am playing with Nomad at Tonic here in New York and we are all coming together again. It has been 2 months since we finished our tour in Europe and it sounds as if we have played every day. It's a joy to play and forget the craziness of this world.

All the best to you,
Rubin

Maria Viana e Mário Laginha

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A RTP Memória, que infelizmente tem pouca para o muito jazz que por lá anda perdido, transmitiu ontem um programa de Simone de Oliveira, denonimado Café Concerto, em que Maria Viana e Mário Laginha aparecem, e bem, a interpretar "Sophisticated Lady". Maria Viana projecta de forma emotiva a densidade da letra e vive o momento, sempre atenta ao piano fluente de Laginha.

Estava-se em 1987 e Viana e Laginha não podiam ter mais de 20 e poucos anos.

Entrevistada por Simone, ficamos a saber que Maria Viana, à época, era também, além de cantora e actriz, antiquária em Cascais.

Curioso o que se aprende com a memória do passado.

Morreu Stan Levey

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Stan Levey, baterista, morreu no passado dia 20 de Abril, na Califórnia.

Stan Levey acompanhou, entre outros, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Quincy Jones, Coleman Hawkins, Thelonious Monk, Art Tatum, Woody Herman, Charlie Parker, Red Garland, Benny Goodman, e Stan Kenton.

Ao longo da sua carreira participou em mais de 2000 discos, incluindo os registos com Frank Sinatra, Billie Holiday, Ella Fitzgerald e Barbra Streisand. Surgiu ainda nas bandas sonoras de mais de 300 filmes...

Quando Levey foi contratado por Gillespie, tal facto levantou a oposição dos outros músicos do grupo. Levey era jovem, tinha apenas 16 anos, e sobretudo branco. Gillespie respondeu ao criticismo com uma frase lapidar:

"Show me a better black drummer and I'll hire him".

Levey ficou no grupo.

LEvey morreu alguns meses após a realização de um documentário sobre a sua carreira:
The Original Original.

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